sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O país que se #%$*&, eu quero é ver tv!

Comentei dia desses no trabalho que, com o terceiro governador num mês, sentia que Brasília era uma terra sem governo. A cara de "como assim? O que está acontecendo?" que me fez o estagiário me lembrou uma frase de meu antigo chefe (Estagiário não é gente), então me virei para a colega do lado com aquele olhar maldoso de "olha que desligado esse rapazola" e notei que minha ouvinte perecia de igual ignorância. Não dos fatos, só se fala nesta cidade deste escândalo (calha para abafar outros), mas de tirar alguma conclusão do que se ouve, falta de pensar mesmo.

Antes tive pena das mentes trabalhadoras e dedicadas que pouca atenção dispendem ao mundo fora do horário comercial. Depois notei a profunda indignação quando souberam o resultado do último paredão. Aí o nível de entendimento já era outro: Um falou mal do Dourado e todo mundo veio já se manifestar, e choveram expressões do tipo "eu acho que..." "na minha opinião,..." "mas você concorda que..." e réplicas de conclusões tanto mastigadas que pude mensurar o grande tempo perdido nestas elucubrações.

As pessoas realmente não enxergam o quanto diretamente a poluição política do país afeta suas vidas?

Me coage acreditar no fenômeno do provérbio chinês: acostumar-se ao mau cheiro do mercado de peixes. De tanta sujeira que a gente vê, cresce achando que é assim mesmo, que todo político é corrupto, que a gente sempre será obrigado a produzir muito, para pagar muito imposto, para que haja muito com o que se corromperem. Bate minha revolta: será que é preguiça desse povo de dar um não bem redondo nessa situação? Tenho visto que não é nada disso: a raiva que a imensa maioria tem dos nossos representantes é parente da raiva que têm os favelados dos abastados - Por que Deus quis que eles (e não eu) tomassem esta posição? Assim como aquele que é muito pobre é incapaz de não visualizar um rico como um rival (no que contudo talvez tenha razão), a plebe cidadã vê os eleitos como os sortudos da vez, e há quem complete: se eu estivesse lá também quereria o meu. Tanto se respira no mercado de peixes que o odor impregna nos pulmões e se passa a exalá-lo.

É "lamentabilíssimo o que assistimos neste momento, cada vez mais observamos a desmoralização dos políticos", concordo com Euclides Scalco, pelo superlativo da tristeza e muito mais pela resposta que damos à situação: assistimos, observamos. A desmoralização dos políticos então, é incontestável, de todos os seres políticos, os governantes e os governados. Sim, você e eu. Todo o poder emana do povo, e se o que emana do povo fede, o povo é quem tem que se limpar. Vamos ser francos, nossos representantes bastante bem representam o povo dessa nação de alienados. Um animal político que descaradamente se candidata a governador depois de admitir ter fraudado um painel (eletrônico, lembram?) de votações e ainda é eleito, recebe (no entender dele, e no meu também) aval para fazer o que bem queira com o poder lhe investido. Mais de uma vez ouvi: " - Roubou, mas fez! Brasília está um canteiro de obras!" Eu mereço! Mais: nós merecemos. Nós colocamos estes "entes" lá encima, e nunca mais voltamos lá para ver como andava a coisa.

Ah, não concorda? Você por acaso se lembra em quem votou para deputado e senador em 2006? Se lembrar já está na minoria. Se alguma vez tiver buscado informações sobre o comportamento de tal pessoa, por favor entre em contato, você é uma pessoa raríssima e merece homenagens! Faço questão!

Não acho que alguém haja cometido este milagre. A gente acaba esperando sempre que o outro aja como nós mesmos agiríamos em cada situação, e assim como estamos muito mais preocupados em debater quanta injustiça existe na eliminação da última terça feira, aqueles que administram farta parcela de nosso suor preferem cuidar de seus próprios interesses.

E para não dizer que sou mais uma a falar e falar sem nada fazer, segue abaixo o dever de casa. Páginas para acompanhar e aprender a discernir o joio do trigo. Teremos tempo para fazê-lo se extirparmos de nossas rotinas os orkuts e bigbrothers cotidianos.

Como é a política no Brasil:
http://www.votoconsciente.org.br/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=7&Itemid=49

Quem é e o que faz:
http://www.excelencias.org.br/

Noticiário de política e combate à corrupção
http://www.votebrasil.com/

Senado:
http://www.senado.gov.br/sf/portaltransparencia/

Câmara:
http://www2.camara.gov.br/transparencia

Fianciamento de campanhas de 2006:
http://www.asclaras.org.br/2006/index.php

Não dá para exigir de quem seja atitudes de comprometimento quando nós mesmos não as temos.

Eu sei mas não devia

Marina Colassanti

Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias de água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Classe média: Quem mandou deixar de ser pobre?!

Em março será votado na Câmara o projeto de lei que extingue a assinatura básica de telefone fixo no Brasil.

Vamos pensar com lógica:

Levar uma linha de telefone até sua casa, instalar os fios nos postes, pagar o aluguel dos postes (que geralmente são da companhia de energia, e não da telefônica), mantê-los funcionando, colocar funcionários de plantão para o caso de emergências e assumir os riscos do negócio. Será que isto tudo não tem um CUSTO? E será que este custo vai pesar no bolso de quem?

A tarifa básica de telefone faz muito sentido - e faz justiça - afinal, ter um telefone em casa é um benefício, ainda que você não faça ligações (pois você pode recebê-las), e tem um custo bastante considerável, principalmente para quem mora em bairros mais afastados. Com certeza mais que absoluta o custo de manutenção não vai desaparecer só porque o presidente assina uma lei. Esse custo vai embutir-se na tarifa, óbvio.

Aí me virá um hipócrita neo-socialista argumentar que "a justiça social fará com que se puna quem tem mais dinheiro e usa mais o telefone". Tem razão em parte: os mais pobres terão telefone em casa, quase de graça. Mas de jeito nenhum quem pagará por isto serão os mais ricos. Quem tem grana mesmo encontra formas mais baratas de se comunicar (VOIP, rádio, nextel e uma infinidade de mais recursos - até a net). Aumentar a tarifa para repor o estrago que fará o fim da assinatura básica vai espantar essa classe, que dará adeus ao fixo sem pestanejar.

Com menos clientes ainda, mais tarifa! E quem paga por tudo isto? Resposta clichê: a classe média, que nem é tão pobre para só receber ligações e usufruir do telefone de graça, e nem é tão rica para fugir do telefone fixo. Inclua-se nesta faixa a enormidade de micro e pequenas empresas do Brasil. Depois a culpa da alta mortalidade destas empresas é da burocracia contábil.

E tem gente fazendo campanha a favor desse populista desse projeto, tem cabimento?

Para (enfim) começar 2010

Que, passadas às correrias das compras, das arrumações, no vai-e-vem das múltiplas obrigações dos fins de cada ano, nós tenhamos um tempo para pensar, no silêncio, fazendo um balanço de mais uma etapa de vida, não apenas do que aconteceu na nossa família, na nossa cidade, no nosso planeta, mas do que vem acontecendo na vida de cada um de nós, nas nossas mentes, nos nossos corações, onde ninguém mais tem acesso, apenas cada um, quando faz o esforço e realmente o quer.

Parece mais fácil não pensar nisto que dizemos ser sério, mas não é. Viver com o automático ligado, sem responsabilidade, parece mais prático, mas também nos leva a um vazio tão grande, no fim das contas, que acaba por nos empurrar ladeira pra baixo até locais muitos escuros, em nós mesmos, de onde fica bem difícil, depois, sair.

Se acreditarmos que somos espíritos num corpo, precisamos ouvir as demandas de nossa alma, ouvir nossa consciência, seguir nossas intuições, ao invés de vivermos a copiar comportamentos da maioria, a satisfazer aos desejos dos outros em volta de nós, esquecendo-nos de nós mesmos...

Este nosso encontro com nosso Ser interno é prioritário, para que possamos nos orientar nesta vida de tantos caminhos e de tantos atalhos e encruzilhadas. Sem este contato constante, como poderemos saber o que fazer ou qual a atitude a tomar em cada situação? Quando resolvemos nos abrir com amigos, no momento de dúvidas, é bom, pois organizamos as idéias, ordenamos as diversas possibilidades que temos, mas só quando conversamos com nós mesmos, sem as máscaras, sem as camuflagens e a necessidade de agradar a quem quer que seja, é que ouvimos finalmente o como precisamos agir, naquele exato momento.
Para que isto aconteça - algo que deveria ser tão simples - precisamos em primeiro lugar nos comprometermos com esta busca de nós mesmos... Na certeza de que em nós está o começo e o fim, a felicidade e a real dor. E sabendo que o Amar a si mesmo a que se referiu Jesus, é na verdade o reconhecimento de que somos uma centelha divina plena de Amor, de Beleza, de Verdade, de Pureza, de tudo que é belo e justo.
Acreditando nisto, mesmo que possamos perceber que ainda estamos apartados deste núcleo luminoso, temos força para recomeçar o nosso trabalho prioritário de autoconhecimento, de respeito por nossa dimensão crística, de busca de aprimoramento de nossas emoções, pensamentos e atitudes.
Neste local tão íntimo se travam as verdadeiras batalhas da humanidade. É onde decidimos o que fazer e o que deixar para depois, como agir. É onde construímos a paz, ou iniciamos as guerras. É onde somos os vencedores, ou os vencidos... E ninguém enxerga nada disto, a não ser cada um de nós e Deus, nossos Guias pessoais e Jesus, nosso Guia planetário.

A busca da felicidade não se trava tanto fora de nós, mas é uma constante procura de conhecimento de nós mesmos. À medida em que nos apaziguamos interiormente com nossas consciências, somos também mais gentis com os outros, com todo aquele que está em nosso caminho.

Que este ano que chegou nos permita esta reflexão mais atenta: o que estou fazendo de minha vida? Para onde estou indo? Quais são as minhas prioridades, meus maiores sonhos? Onde está Deus, segundo a minha crença?

Porque mais um ano chegou, mais um ciclo que não voltará mais está se encerrando e estamos mais próximos de nossa partida deste plano material para outro... Será que sabemos para onde finalmente iremos?
Como podemos ter a certeza de que faremos, um dia, uma viagem solitária e não nos preparamos de forma alguma pra ela? Diz uma música popular que toda partida é sempre uma chegada... Para onde estamos indo? Chegamos neste planeta, sozinhos e vamos deixá-lo, um dia, da mesma forma.

Que 2010 nos possibilite ser mais lúcidos, mais conhecedores de nós mesmos, para que as ilusões da matéria não vivam a nos hipnotizar, tirando-nos a energia da busca prioritária da nossa felicidade!