Estaciono a moto e me olha snob um cachorro de rua. Achei-o metido e fui para a aula. No intervalo pediu um pedaço do meu lanche, mas tão digno e humilde que me apaixonei. Agora um assovio e o bichinho vem correndo me sujar de lama antes da aula. Eu sou louca por aquele cachorro, se não o vejo ao chegar fico saindo pro pátio no meio da aula, preocupada, e me parte o coração quando corre atrás da moto no fim da noite.
Será que ele entenderia se eu se lhe dissesse que não posso levá-lo para casa? Que ele não seria feliz trancado em 64m² e sozinho o dia todo? Que o preço de estar comigo é abandonar os gramados, as corujas e os macacos que ele persegue, os outros lanches e carinhos que ganha? Sei que passa frio, fome às vezes, que deve ser duro ser sozinho, sem dono, sem rumo, mas como posso fazê-lo entender que é de sua natureza ser livre e é da minha poder estar com ele apenas alguns minutos por noite? Seria preciso que eu de fato o prendesse para ele entender como é bom para ele não ter dono?
Eu o amo, muito. Desejo para ele todas as alegrias possíveis na vida de um cachorro. Penso durante o dia em encontrá-lo e brincar com ele e acordo sorrindo do devaneio. Ele me faz muito bem, e eu cuido e mimo o magrelo tanto quanto não lhe torne cativo. Mas ainda assim ele corre atrás da moto sempre que vou embora.
Animais são mesmo maravilhosos. Talvez ele só queira mesmo ter você por perto e receber seu carinho, sem necessidade de levá-lo pra casa.
ResponderExcluirSe isso é uma metáfora ficou legal. Senão.. bem, eu costumo pensar mais nas pessoas do que nos animais.
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