sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Niilismo político

Ok, ok, era eu sim no protesto de 11/11 na UnB. Não adiantou muito o lenço na cabeça, amigos que são amigos se reconhecem até sem roupa.

Vou abstrair os comentários engraçadinhos e pinçar um que vale à pena replicar: Quem leu no site do Jornal do Brasil meu manifesto depois da ocupação da reitoria em abril de 2008 (para que saísse o reitor. Lembra? A lixeira de R$1mil...) não pôde compreender este súbito retorno ao ativismo. Explico-me. Aliás, o texto da época já explica metade:

Repúdio à insensatez de meus colegas

Zélia Diana Barbosa
Brasília (DF)

Sou aluna de Ciências Econômicas na UnB e participei ontem da Assembléia Geral dos Estudantes no Pátio da Reitoria, e peço espaço para um manifesto.

Morar neste País de corrupção corrente tem seu mais trágico efeito sobre as instituições de Direito. As denúncias contra o reitor da UnB são, ao mesmo tempo, revoltantes e comuns – talvez seja "o escândalo da vez", apenas. Julgar o que é legítimo torna-se confuso nesse ambiente de impunidade.

A Assembléia Geral dos Estudantes, ontem, parecia um exemplo de participação pacífica e ativa na construção da gestão democrática na universidade. A mobilização de 1.300 alunos aplaudindo máximas de ética e transparência encheu-me de espírito patriótico e comecei a acreditar estar num ambiente de debate político apartidário e diplomático, apesar das variações de ideologia que vão da utopia à anarquia.

Votamos o posicionamento dos estudantes questões importantes, uma delas – a ocupação de toda a reitoria – foi adiada devido à dificuldade de contagem dos votos, no que todos concordaram. Também concordaram contra a violência e a depredação do patrimônio público. Nessa hora comecei a pensar que teria orgulho de voltar ao trabalho com a fitinha verde no pulso – credencial para votação. Símbolo que deixei vergonhosamente no gramado da reitoria quando me afastei, assim que uma massa de baderneiros (os mesmos que votaram pela ocupação pacífica) promoveu a invasão violenta da rampa que dá acesso à sala do reitor, passando sobre os seguranças, esses trabalhadores que cumprem – esses sim – pacificamente sua função.

Esteja expresso à sociedade, aos meus professores especialmente, o lamento meu e de centenas de colegas que vi se afastando de cabeça baixa assim que ouvimos o "sobe, sobe". Que fique claro nossa indignação e repúdio a esses atos de insensatez.

Entristece que muitos colegas se abstenham de participar das votações que representam nossa voz, mas muito pior é pensar que estes outros que participam – não todos, estejam certos – descambam para a animalidade.

"Como assim, Zélia? Num momento você abandona a causa, no outro está lá você levantando cartaz?"

Meu sentimento desde a ocupação não mudou. Não apoio a atitude da tal Geyse (o que tem na cabeça alguém que usa o corpo para chamar a atenção?), não acho que seja papel dos estudantes da UnB se meterem num assunto tão distante e mais que saturado, concordo que existem coisas muito mais relevantes para discutir na universidade. O que eu apóio é que se discuta. Só tinha de aproveitável no bendito protesto o protesto mesmo, nem tanto as causas defendidas. Depois daquilo vi muitos colegas criticando "...por que não vão pedir mais livros para a biblioteca?" o que abre espaço para alguém responda "Isso, vamos então!". Um movimento social, por mais ridícula que seja sua motivação, serve para mostrar que qualquer um pode pegar um megafone e sair reivindicando o que bem entender, e que a mesma imprensa fútil que fez tempestade no caso na Uniban também vai dar visibilidade ao pedido. Afinal, o reitor se pronunciou, como pediam. Funciona!

Eu não puxo causa alguma, deixei meu marxismo no grêmio estudantil do ensino médio, mas dá-me a camisa e vesti-la-ei. Defendo que quem tem o que dizer o diga, o grite, o publique, e se precisar de volume e aplauso para ter espaço, lá me verão.

Um comentário:

  1. teve esperança é? hahahaha

    maldita esperança viu, vai e vem somos atormentados por ela.. é uma desgraçada mesmo..

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Comentaí, meu.