domingo, 6 de dezembro de 2009

bateria fraca

Minha colega busca concursos públicos no computador ao lado. O tempo passou agora mas não consegui agarrá-lo. O último ônibus já saiu. O prazo de inscrição foi até anteontem. A página não está mais disponível. Minha mãe não me ligou até agora. Não acenda a luz que a Marlene já está dormindo. Eu não estudei o suficiente, ainda. Pior é que não dá para voltar, agora já apostei tudo.

Eu que não fumo, queria um conhaque...

Acho que vai ser legal, mas não pode se sobrepor às minhas prioridades neste momento. Vá para o diabo que lhe monte o lombo e arreie os córneos.

O resultado da interação competitiva dos agentes eu estou cansada disso. E daí a pobreza? Não fui eu quem concentrou a renda, não desenhei o subdesenvolvimento nem subverti o mainstream neoclássico.

O casal de vizinhos brigando, mas e eu com isso? Que mania! Daria uma psicóloga psicótica. Estopim depressivo. E nem é nada disso, tudo máscara, tudo máscara.

A faca e o queijo na mão e não chuta o balde.

What the hell am I doing here? I don´t belong here.

E eu preciso ir dormir porque amanhã é segunda-feira outra vez, e eu nem estou preparada.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Namore um barrigudinho

Carla Moura

Tenho um conselho valioso para dar aqui: se você acabou de conhecer um rapaz, ficou com ele algumas vezes e já está começando a imaginar o dia do seu casamento e o nome dos seus filhos, pare agora e me escute! Na próxima vez que encontrá-lo, tente disfarçadamente descobrir como é sua barriga. Se for musculosa, torneada, estilo `tanquinho´, fuja! Comece a correr agora e só pare quando estiver a uma distância segura. É fria, vai por mim.

Homem bom de verdade precisa, obrigatoriamente, ostentar uma barriguinha de chopp. Se não, não presta. Estou me referindo àqueles que, por não colocarem a beleza física acima de tudo (como fazem os malditos metrossexuais), acabaram cultivando uma pancinha adorável. Esses, sim, são pra manter por perto. E eu digo por quê. Você nunca verá um homem barrigudinho tirando a camisa dentro de uma boate e dançando como um idiota, em cima do balcão. Se fizer isso, é pra fazer graça pra turma e provavelmente será engraçado, mesmo.


Já os `tanquinhos´ farão isso esperando que todas as mulheres do recinto caiam de amores – e eu tenho dó das que caem. Quando sentam em um boteco, numa tarde de calor, adivinha o que os pançudos pedem pra beber? Cerveja! Ou coca-cola, tudo bem também. Mas você nunca os verá pedindo suco. Ou, pior ainda, um copo com gelo, pra beber a mistura patética de vodka com `clight´ que trouxe de casa. E você não será informada sobre quantas calorias tem no seu copo de cerveja, porque eles não sabem e nem se importam com essa informação.


E no quesito comida, os homens com barriguinha também não deixam a desejar.
Você nunca irá ouvir um ah, amor, `Quarteirão´ é gostoso, mas você podia provar uma `McSalad´ com água de coco. Nunca! Esses homens entendem que, se eles não estão em forma perfeita o tempo todo, você também não precisa estar.


Mais uma vez, repito: não é pra chegar ao exagero total e mamar leite condensado na lata todo dia! Mas uma gordurinha aqui e ali não matará um relacionamento. Se ele souber cozinhar, então, bingo! Encontrou a sorte grande, amiga. Ele vai fazer pra você todas as delícias que sabe, e nunca torcerá o nariz quando você repetir o prato. Pelo contrário, ficará feliz.


Outra coisa fundamental: homens barrigudinhos são confortáveis!
Experimente pegar a tábua de passar roupas e deitar em cima dela. Pois essa é a sensação de se deitar no peito de um musculoso besta. Terrível! Gostoso mesmo é se encaixar no ombro de um fofinho, isso que é conforto. E na hora de dormir de conchinha, então? Parece que a barriga se encaixa perfeitamente na nossa lombar e fica sensacional.


Homens com barriga não são metidos, nem prepotentes, nem donos do mundo.
Eles sabem conquistar as mulheres por maneiras que excedem a barreira do físico. E eles aprenderam a conversar, a ser bem humorados, a usar o olhar e o sorriso pra conquistar. É por isso que eu digo que homens com barriguinha sabem fazer uma mulher feliz.

Pretendo envelhecer logo

Isto é para as mulheres de 30 anos pra cima...
e para todas  aquelas que estão entrando nos 30, e para todas aquelas que estão com medo de  entrar nos 30. E para homens que têm medo de meninas de mais de 30!

À medida que envelheço, e convivo com outras, valorizo mais as  mulheres que estão acima dos 30.

Estas são algumas razões do porquê:

-  Uma mulher de 30 nunca o acordará no meio da noite para perguntar: "O que  você está pensando?" Ela não se importa com o que você pensa, mas se dispõe  de coração se você tiver a intenção de conversar.

- Se uma mulher de 30  não quer assistir o jogo, ela não fica à sua volta resmungando. Ela faz  alguma coisa que queira fazer. E, geralmente é alguma coisa bem mais  interessante.

- Uma mulher de 30 se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer. Poucas mulheres de 30 se incomodam com o que você pensa  dela ou sobre o que ela está fazendo.

- Mulheres dos 30 são honradas. Elas  raramente brigam aos gritos com você durante a ópera ou no meio de um  restaurante caro. É claro, que se você merecer, elas não hesitarão em atirar em você, mas só se ainda sim elas acharem que poderão se safar impunes.

-  Uma mulher de 30 tem total confiança em si para apresentar-te para suas melhores amigas. Uma mulher mais nova com um homem tende a  ignorar mesmo sua melhor amiga porque ela não confia no cara com outra mulher.
E  falo por experiência própria. Não se fica com quem não se confia, vivendo e aprendendo né?

- Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem.  Você nunca precisa confessar seus pecados para uma mulher com mais de  30. Elas sempre sabem.

- Uma mulher com mais de 30 fica linda usando batom  vermelho. O mesmo não ocorre com mulheres mais jovens.

- Mulheres mais  velhas são diretas e honestas. Elas te dirão na cara se você for um idiota,  se você estiver agindo como um!

- Você nunca precisa se preocupar onde você  se encaixa na vida  dela. Basta agir como homem, e o resto deixe que  ela  faça.

- Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 por um "sem"  número de razões. Infelizmente, isso não é recíproco. Para cada mulher de  mais de 30, estonteante, inteligente, bem apanhada e sexy, existe um careca,  velho,  pançudo em calças amarelas bancando o bobo para uma garçonete de  22 anos.

Senhoras, eu peço desculpas: Para todos os homens que dizem,  "porque comprar a vaca se você pode beber o leite de graça?", aqui está a  novidade para vocês:

Hoje em dia 80% das mulheres são contra o  casamento, sabe por quê?

Porque as mulheres perceberam que não vale a  pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça.
Nada mais  justo.

Arnaldo Jabor(?)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

2012, Cosmologia e Dr. Fantástico

Vira e mexe e o mundo está acabando. Em 1999 eu estava no meio da aula quando os colegas pararam tudo para a contagem regressiva. Acho que Nostradamus não errou não, as traduções e interpretações é que nos deixaram numa margem de erro de alguns séculos, coisa pouca.

Que será que nosso inconsciente coletivo quer dizer ao consciente individual com essa mania de apocalipse? Vamos morrer todos juntos - Estamos juntos até a morte? Até que seria fraternal. Mas, revire-se Jung no túmulo ou não, existe algo gritante a um palmo de nossos narizes: Nos acovardamos diante das mudanças que o mundo nos exige e preferimos a preguiça de esperar que tudo se acabe sozinho. Crianças fazendo birra: Se o mundo não for feliz como eu quero, então não brinco mais! Que se exploda!

O medo paralisante do desconhecido (o futuro) serve de chamada para mais uma história de desespero. Também acho o tema ótimo, mas o uso que se faz dele é muito (MUITO) melhor em Dr. Fantástico (Dr. Strangelove) de Stanley Kubrick (sim, cinema que preste dificilmente está nos cinemas, e mais dificilmente ainda nas locadoras) e até em Apocalipto, de Mel Gibson. Estes dois pelo menos mudam um tiquinho o modo de você ver a sua vida. Gente, não perca tempo com isto! O filme é cheio de efeitos especiais - depois de Matrix, que filme não é? - e nada mais. Você vai sair do cinema um pouco mais fotofóbico do que entrou, e só.

As profecias maias merecem meu mais absoluto respeito, mas acreditar que o mundo acaba em 2012 por isso força a amizade. Também me intriga o Antigo Egito, mas ninguém acha que Tutancamon  tornará a seu corpo mumificado.

Alguém aí é capaz de notar o mundo acabando a todo tempo para cada um de nós, e de uma maneira muito mais solitária e silenciosa do que cataclísmica? Morrer todos vamos, aliás, todos estamos, a vida se desgasta aos pouquinhos. Seja o fim do mundo o nosso fim pessoal, esperar que aconteça no mesmo momento para todos poderia congestionar o sistema da morte e tumultuar o juízo final.

Mas digamos que seja verdade, que a ressonância Schumann esteja se acelerando e em 2035 (mais 23 anos garantidos!) os pólos magnéticos do planeta se invertam e a rotação troque de sentido. A Terra pára e tudo que há nela será lançada para leste, por inércia. Morreremos instantaneamente. Aliás, nossos corpos de três dimensões morrerão, não necessariamente nós: Como a Terra se tornará um mundo de quarta dimensão, nossos corpos não podem ser formados da matéria como a conhecemos, seremos mais etéreos, uma semi-matéria fluídica. De algum modo já possuímos este corpo, mas para habitar exclusivamente nele temos antes que fortificá-lo, nos melhorando moralmente através da prática do amor.

Se você concorda, trate de ser menos materialista e não polua sua mente quântica com mais um filme bobo, doe a grana do ingresso para o UNICEF: http://www.doacaounicef.org.br ou salve os pandas pelo WWF: http://www.wwf.org.br/participe/doacao/.

Se você achou o que escrevi uma viagem absurda e quer saber oquê eu fumei, te digo que minha nóia teve a mesma origem da erva que inspirou os roteiristas do blockbuster.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ter ou não ter: Filhos

Acabei de ler esta semana o Por Que Te Amo Não Nascerás - Nascituri te Salutant, de Júlio Cabrera e Thiago Lenharo de Santis.
Nas palavras deles mesmos, no site do livro (chique né? É um livro que tenta ser pop. Não me espantaria se visse propaganda em algum outdoor):



Porque te amo, NÃO nascerás! ou Nascituri te Salutant é um livro que coloca em discussão a delicada questão da procriação, fazendo um esforço para levar em conta,  em primeiro lugar, o ponto de vista daquele que ainda nem nasceu.
Os autores consideram que quem diz estar disposto a amar seus futuros filhos acima de tudo, não deverá fazê-los nascer! Trata-se de uma idéia polêmica e intrigante, apresentada em um texto contundente, entrecortado por fotos, ilustrações, notas, opções de leitura, esquemas e tabelas, entre outros.


Ah, vamos lá, nem é tão "interessantíssimo" assim. Mas propaganda é exagerada por natureza.


Desde o título, o livro se mostra diferentoso. Gosto de coisas ácidas, sugerir que as pessoas não tenham seus amados filhos e dar argumentos lógicos para isto é absolutamente chocante. Há por aí muito debate sobre não ter filhos, mas realmente (acho) que o ponto de vista do nascituro ainda não tinha sido defendido, e como já disse, apóio que todos tenham voz, inclusive os que ainda não nasceram. Há três coisas que AMEI no livro:


First: Nos arregala os olhos sobre como temos tratado nossos futuros filhos como mercadoria. Dizer "quero ter um filho para ensinar ele a jogar futebol" equivale a "quero ter um cãozinho para ensinar ele a dar a pata". Embora eu considero que poderiam ter explorado um pouco mais a noção de que transferimos para eles nossos sonhos e frustrações "meu filho vai fazer tudo que eu não pude" mas vá lá, o livro não é meu.


Segundo, mostra que o aborto é um duplo crime. Dá-se a vida a alguém, em seguida tira-se. Mas isto é só porque eu sou contra o aborto em todo caso e me empolgo com qualquer argumento que me ajude nisso. A defesa da adoção entra também aí.


E o livro é muito gostoso de ler, adorei o bom humor dos autores, a poética fria da interação entre as fotos e o tema, achei surpreendente o final, não poderia ter outro melhor. Apesar de escrito por filósofos, o fato do Santis ter estudado física tornou a lógica do livro bastante demonstrativa e sintética, não são discussões redundantes e intermináveis (é por elas que tanta gente perde a paciência com filosofia).


O que restou de pedantismo filosófico foi a necessidade de posteridade dos autores ao ambientar o romance (é um romance) num futuro distante onde ambos estão suicidados, e seus descendentes (eles os têm!) encontram seus escritos, decidindo publicá-los. Não soa estranho que afirmem o imediatismo da vida e busquem no próprio livro a eternidade? Afirmar-se contra a procriação e dizer isto por meio de sua descendência não é uma confissão de incapacidade? Adoro estes paradoxos de entrelinhas!


Pena que - mesmo se dizendo pop - o livro já comece exigindo prévias de filosofia nada básicas: imperativos categóricos de Kant e pessimismo schopenhaueriano são dados por velhos conhecidos dos leitores. Se realmente seu seleto público tem "nível", não é necessário (como faz frequentemente) provar em quinze páginas por A + B que A + B é igual a A + B. Delongas!


Recomendo especialmente aos meus amigos espíritas. Este é sim um maldito livro de lógica materialista, mas cuja conclusão (não os deixe nascer) se deve a premissa de que não existe vida além deste mundo. Concorde com tudo o que diz o livro, supondo apenas que há vida após a morte e reencarnação e tudo que ali se lê é o perfeito formão de futuros pais.


Nada mais cristão do que provar que a vida não é boa. Não é mesmo! Não existe felicidade, só alegrias momentâneas e cruéis (justamente por momentâneas). Dito a Pilatos: Meu reino não é deste mundo...




Antes dele eu não queria ter filhos. Depois de ler eu quero ter filhos sim, e justamente por concordar com tudo que diz (ah, eu sou estranha, vocês já sabiam). Pare de pensar em seus filhos como suas propriedades. Pare de decidir seus futuros por eles. Pare de impor a eles a obrigação de realizarem seus sonhos frustrados. Não os deixem acreditar que têm pais infalíveis: na adolescência descobrirão a mentira e se revoltarão contra vocês. Não tenha filhos porque você os quer: só os tenha se eles assim o quiserem. Complicado? Leia o livro.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Niilismo político

Ok, ok, era eu sim no protesto de 11/11 na UnB. Não adiantou muito o lenço na cabeça, amigos que são amigos se reconhecem até sem roupa.

Vou abstrair os comentários engraçadinhos e pinçar um que vale à pena replicar: Quem leu no site do Jornal do Brasil meu manifesto depois da ocupação da reitoria em abril de 2008 (para que saísse o reitor. Lembra? A lixeira de R$1mil...) não pôde compreender este súbito retorno ao ativismo. Explico-me. Aliás, o texto da época já explica metade:

Repúdio à insensatez de meus colegas

Zélia Diana Barbosa
Brasília (DF)

Sou aluna de Ciências Econômicas na UnB e participei ontem da Assembléia Geral dos Estudantes no Pátio da Reitoria, e peço espaço para um manifesto.

Morar neste País de corrupção corrente tem seu mais trágico efeito sobre as instituições de Direito. As denúncias contra o reitor da UnB são, ao mesmo tempo, revoltantes e comuns – talvez seja "o escândalo da vez", apenas. Julgar o que é legítimo torna-se confuso nesse ambiente de impunidade.

A Assembléia Geral dos Estudantes, ontem, parecia um exemplo de participação pacífica e ativa na construção da gestão democrática na universidade. A mobilização de 1.300 alunos aplaudindo máximas de ética e transparência encheu-me de espírito patriótico e comecei a acreditar estar num ambiente de debate político apartidário e diplomático, apesar das variações de ideologia que vão da utopia à anarquia.

Votamos o posicionamento dos estudantes questões importantes, uma delas – a ocupação de toda a reitoria – foi adiada devido à dificuldade de contagem dos votos, no que todos concordaram. Também concordaram contra a violência e a depredação do patrimônio público. Nessa hora comecei a pensar que teria orgulho de voltar ao trabalho com a fitinha verde no pulso – credencial para votação. Símbolo que deixei vergonhosamente no gramado da reitoria quando me afastei, assim que uma massa de baderneiros (os mesmos que votaram pela ocupação pacífica) promoveu a invasão violenta da rampa que dá acesso à sala do reitor, passando sobre os seguranças, esses trabalhadores que cumprem – esses sim – pacificamente sua função.

Esteja expresso à sociedade, aos meus professores especialmente, o lamento meu e de centenas de colegas que vi se afastando de cabeça baixa assim que ouvimos o "sobe, sobe". Que fique claro nossa indignação e repúdio a esses atos de insensatez.

Entristece que muitos colegas se abstenham de participar das votações que representam nossa voz, mas muito pior é pensar que estes outros que participam – não todos, estejam certos – descambam para a animalidade.

"Como assim, Zélia? Num momento você abandona a causa, no outro está lá você levantando cartaz?"

Meu sentimento desde a ocupação não mudou. Não apoio a atitude da tal Geyse (o que tem na cabeça alguém que usa o corpo para chamar a atenção?), não acho que seja papel dos estudantes da UnB se meterem num assunto tão distante e mais que saturado, concordo que existem coisas muito mais relevantes para discutir na universidade. O que eu apóio é que se discuta. Só tinha de aproveitável no bendito protesto o protesto mesmo, nem tanto as causas defendidas. Depois daquilo vi muitos colegas criticando "...por que não vão pedir mais livros para a biblioteca?" o que abre espaço para alguém responda "Isso, vamos então!". Um movimento social, por mais ridícula que seja sua motivação, serve para mostrar que qualquer um pode pegar um megafone e sair reivindicando o que bem entender, e que a mesma imprensa fútil que fez tempestade no caso na Uniban também vai dar visibilidade ao pedido. Afinal, o reitor se pronunciou, como pediam. Funciona!

Eu não puxo causa alguma, deixei meu marxismo no grêmio estudantil do ensino médio, mas dá-me a camisa e vesti-la-ei. Defendo que quem tem o que dizer o diga, o grite, o publique, e se precisar de volume e aplauso para ter espaço, lá me verão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Vaidade vicia!

Os cabelos são a moldura do rosto, a roupa do rosto.  Não existe menina feia com cabelo bonito: basta um supercabelo e qualquer supercanhão se sente superoutra. São a expressão mais absoluta da vaidade feminina. Por isso cortei os meus.

Já dizia o tio Karl: não basta ser bom, é preciso ser o melhor: só o lucro máximo interessa, qualquer ganho  abaixo disto implica ser vencido (engolido, atropelado, desintegrado, como queiram – o alemão é tão versátil!) pelo concorrente mais forte. E disse mais: as relações de produção modelam (embasam, condicionam, infraestruturam, blaergh) outras relações sociais. A + B = nossas relações interpessoais refletem a concorrência capitalista. Mas devia?

Graças e louvores se dêem à ambição e a vontade de crescer que nos move, nos faz competitivos, nos põe em combate, nos faz evoluir. Buscar crescer é essencial, querer ser o melhor é natural, conseguir é um milagre. Os níveis de comparação se globalizaram e os campos de batalha são infinitos. O homem mais rico do mundo não conseguiu ser o mais bonito do mundo (talvez do metro quadrado), a mulher mais famosa não é a mais inteligente, o mais popular não consegue unanimidade. E cada qual sem se contentar em ser melhor, ser o melhor é o que vale. Estamos nos matando por um artigo.

Fechando o zoom e tornando à vaidade feminina, como poderemos, mulheres normais, ocupadas, trabalhadoras, estudantes, namoradas, seres humanos em autoconstrução, comparar nossas carreiras à da Taís Araújo (Chica da Silva aos 17), nossos saldos bancários aos da Madonna, nossas letrinhas às de Fernanda Young, nossos maridos ao da Angelina Jolie, nossas cútis à da Halle Berry, nossas nádegas às de Beyoncé, nossos cabelos aos da Gisele Bündchen?

Mas - me corrijam mulheres - com tudo se contenta, exceto cabelos. É que a carreira é a construção de toda uma vida, saldo bancário também (e dinheiro afinal não é tudo), inteligência não se compra, Brad Pitt só tem um, manter pele e bumbum é trabalhoso e caro. Os cabelos são o que menos tempo/dinheiro nos toma, então converge pras madeixas nossos anseios de vaidade. O problema é que jogamos aí todas as expectativas de sucesso (para compensar o salário, o marido, etc) e exigimos de nossa imagem muito mais do que é possível, então o limite dessa busca - que já era distante por causa dos comparativos globalizados - tende ao infinito. Mas nosso tempo é limitado. Não encaixa!

Se o cabelo está normal, começa a se sentir medíocre. Se o cabelo fica melhor, você se satisfaz temporariamente, mas os elogios (a droga do reconhecimento) dão uma espécie de prazer narcisista viciante: o dia em que não vierem, estoura a crise de abstinência e baixa autoestima. Quando não dá mais para melhorar os cabelos, partimos para as plásticas.

O submundo da vaidade é bastante mais perigoso que o das drogas químicas, porque é mais sutil e conta com o aplauso geral. É admirável que alguém não dependa mais de crack. É estranho que alguém não goste de se sentir bonito, atraente, desejável. Aceitação social é uma droga como qualquer outra, se manifesta pela vaidade e se reproduz no inchaço do ego.

Estou em busca do nirvana, então começo a decepar minhas vaidades das mais vis para as mais aceitáveis. Não é uma escolha aleatória, é mais fácil assim. Confesso que não sou um exemplo de disciplina, então tratamentos de choque funcionam comigo. Nada foi tão eficiente para recuperar a autoestima quanto me sentir pelada. Pular na água e começar a afogar-se para sentir que de fato sabe nadar, entende? Jogar tanto cabelo (e que tanto trabalho me deu) na lixeira do banheiro foi libertador.

Meus cabelos curtíssimos não podem mais esconder espinhas na testa, nem esconder meu rosto, nem esconder minha expressão, nem me esconder. Não tenho mais a infalível arma de me-guste de que minhas colegas da faculdade tanto se servem. Agora é para mim muito mais difícil conseguir boa primeira impressão automática, então o custo-benefício me leva a desistir disso. Eu desisti disso, e é ótimo! Eu não preciso de cabelo para me sentir bonita, pois não preciso me sentir bonita para me sentir aceita, porque não preciso me sentir aceita sentir que minha imagem é aceitável para estar bem. Imagem não é nada, interior é tudo. Nenhum jeito melhor para viver isto do que anular a minha imagem.

Aprendi a admirar mulheres que deixam os cabelos independentes. Existe bem maior chance de elas terem algo além deles na cabeça.

Simbólico, dramático e exagerado. Me identifiquei, só isso.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Eu odeio Brasília.

Clarice Lispector

Brasília é construída na linha do horizonte. – Brasília é artificial. Tão artificial como devia ter sido o mundo quando foi criado. Quando o mundo foi criado, foi preciso criar um homem especialmente para aquele mundo. Nós somos todos deformados pela adaptação à liberdade de Deus. Não sabemos como seríamos se tivéssemos sido criados em primeiro lugar, e depois o mundo deformado às nossas necessidades. Brasília ainda não tem o homem de Brasília. – Se eu dissesse que Brasília é bonita, veriam imediatamente que gostei da cidade. Mas de digo que Brasília é a imagem de minha insônia, vêem nisso uma acusação; mas a minha insônia não é bonita nem feia – minha insônia sou eu, é vivida, é o meu espanto. Os dois arquitetos não pensaram em construir beleza, seria fácil; eles ergueram o espanto deles, e deixaram o espanto inexplicado. A criação não é uma compreensão, é um novo mistério. – Quando morri,um dia abri os olhos e era Brasília. Eu estava sozinha no mundo. Havia um táxi parado. Sem chofer. – Lucio Costa e Oscar Niemeyer, dois homens solitários. – Olho Brasília como olho Roma: Brasília começou com uma simplificação final de ruínas. A hera ainda não cresceu. – Além do vento há uma outra coisa que sopra. Só se reconhece na crispação sobrenatural do lago. – Em qualquer lugar onde se está de pé, criança pode cair, e para fora do mundo. Brasília fica à beira. – Se eu morasse aqui, deixaria meus cabelos crescerem até o chão. – Brasília é de um passado esplendoroso que já não existe mais. Há milênios desapareceu esse tipo de civilização. No século IV a.C. era habitada por homens e mulheres louros e altíssimos, que não eram americanos nem suecos, e que faiscavam ao sol. Eram todos cegos. É por isso que em Brasília não há onde esbarrar. Os brasiliários vestiam-se de ouro branco. A raça se extinguiu porque nasciam poucos filhos. Quanto mais belos os brasiliários, mais cegos e mais puros e mais faiscantes, e menos filhos. Não havia em nome de que morrer. Milênios depois foi descoberta por um bando de foragidos que em nenhum outro lugar seriam recebidos; eles nada tinham a perder. Ali acenderam fogo, armaram tendas, pouco a pouco escavando as areias que soterravam a cidade. Esses eram homens e mulheres menores e morenos, de olhos esquivos e inquietos, e que, por serem fugitivos e desesperados, tinham em nome de que viver e morrer. Eles habitaram as casas em ruínas, multiplicaram-se, constituindo uma raça humana muito contemplativa. – Esperei pela noite, noite veio, percebi com horror que era inútil: onde eu estivesse, eu seria vista. O que me apavora é: é vista por quem? – Foi construída sem lugar para ratos. Toda uma parte nossa, a pior, exatamente a que tem horror de ratos, essa parte não tem lugar em Brasília. Eles quiseram negar que a gente não presta. Construções com espaço calculado para as nuvens. O inferno me entende melhor. Mas os ratos, todos muito grandes, estão invadindo. Essa é uma manchete nos jornais. – Aqui eu tenho medo. – Este grande silêncio visual que eu amo. Também a minha insônia teria criado esta paz do nunca. Também eu, como eles dois que são monges, meditaria nesse deserto. Onde não há lugar para as tentações. Mas vejo ao longe urubus sobrevoando. O que estará morrendo meu Deus? – Não chorei nenhuma vez em Brasília. Não tinha lugar. – É uma praia sem mar. – Mamãe, está bonito ver você de pé com esse capote branco voando (É que morri, meu filho). – Uma prisão ao ar livre. De qualquer modo não haveria pra onde fugir. Pois quem foge iria provavelmente para Brasília. Prenderam-me na liberdade. Mas liberdade é só que se conquista. Quando me dão, estão me mandando ser livre. – Todo um lado de frieza humana que eu tenho, encontro em mim aqui em Brasília, e floresce gélido, potente, força gelada da Natureza. Aqui é o lugar onde os meus crimes (não os piores, mas os que não entenderei em mim), onde os meus crimes não seriam de amor. Vou embora para os meus outros crimes, os que Deus e eu compreendemos. Mas sei que voltarei. Sou atraída aqui pelo que me assusta em mim. – Nunca vi nada igual no mundo. Mas reconheço esta cidade no mais fundo de meu sonho. O mais fundo de meu sonho é uma lucidez. – Pois como eu ia dizendo, Flash Gordon... – Se tirasse meu retrato em pé em Brasília, quando revelassem a fotografia só sairia a paisagem. – Cadê as girafas de Brasília? – Certa crispação minha, certos silêncios, fazem meu filho dizer: puxa vida, os adultos são de morte. – É urgente. Se não for povoada, ou melhor, superpovoada, uma outra coisa vai habitá-la. E se acontecer, será tarde demais: não haverá lugar para pessoas. Elas se sentirão tacitamente expulsas. – A alma aqui não faz sombra no chão. – Nos primeiros dois dias fiquei sem fome. Tudo me parecia que ia ser comida de avião. – De noite estendi meu rosto para o silêncio. Sei que há uma hora incógnita em que o maná desce e umedece as terras de Brasília. – Por mais perto que se esteja, tudo aqui é visto de longe. Não encontrei um modo de tocar. Mas pelo menos essa vantagem a meu favor: antes de chegar aqui, eu já sabia como tocar de longe. Nunca me desesperei demais: de longe, eu tocava. Tive muito, e nem do que eu toquei, sabe. Mulher rica é assim. É Brasília pura. – A cidade de Brasília fica fora da cidade. – "Boys, boys, come here, will you, look who is coming on the street all dressed up in modernistic style. It ain't nobody but…" (Aunt Hagar's Blues, Ted Lewis aind His Band, com Jimmy Dorsey na clarineta) – Essa beleza assustadora, esta cidade traçada no ar. – Por enquanto não pode nascer samba em Brasília. -- Brasília não me deixa ficar cansada. Persegue um pouco. Bem-disposta, bem-disposta, bem-disposta, sinto-me bem. E afinal sempre cultivei meu cansaço, como a minha mais rica passividade. – Tudo isso é hoje apenas. Só Deus sabe o que acontecerá com Brasília. É que o acaso aqui é abrupto. – Brasília é mal-assombrada. É o perfil imóvel de uma coisa. – De minha insônia olho pela janela do hotel às três horas da madrugada. Brasília é paisagem da insônia. Nunca adormece. – Aqui o ser orgânico não se deteriora. Petrifica-se. – Eu queria ver espalhadas por Brasília 500 mil águias do mais negro ônix. – Brasília é assexuada. – O primeiro instante de ver é como certo instante da embriaguez: os pés não tocam na terra. – Como a gente respira fundo em Brasília. Quem respira, começa a querer. E querer, é que não pode. Não tem. Será que vai ter? É que não estou vendo onde. – Não me espantaria cruzar com árabes nas ruas. Árabes antigos e mortos. – Aqui morre minha paixão. E ganho uma lucidez que me deixa grandiosa à toa. Sou fabulosa e inútil, sou de puro ouro. E quase mediúnica. – Se há algum crime que a humanidade ainda não cometeu, esse crime novo será aqui inaugurado. E tão pouco secreto, tão bem adequado ao planalto, que ninguém jamais saberá. – Aqui é o lugar onde o espaço mais se parece com o tempo. – Tenho certeza de que aqui é o meu lugar certo. Mas é que a terra me viciou até o osso. – O ar religioso que senti desde o primeiro instante, e que neguei. Esta cidade foi conseguida pela prece. Dois homens beatificados pela solidão me criaram aqui de pé, inquieta, sozinha, a esse vento. Fazem tanta falta cavalos brancos soltos em Brasília. De noite eles seriam verdes ao luar. – Eu sei o que os dois quiseram: a lentidão e o silêncio, que também é a idéia que faço da eternidade. Os dois criaram o retrato de uma cidade eterna. – Há alguma coisa aqui que me dá medo. Quando eu descobrir o que me assusta, saberei também o que amo aqui. O medo sempre me guiou para o que eu quero; e, porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo quem me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que amo é arriscado. – Em Brasília estão as crateras da Lua. – A beleza de Brasília são as suas estátuas invisíveis.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

É por vocês que eu existo.

Amigos
Vinicius de Moraes

 
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente,construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa
da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

TPM 2: O retorno do Pretendente!

Pretendente diz:
q c ta fazendo linda?
Zelia Diana diz:
pondo no orkut umas fotos de cabelo curto
Pretendente diz:
hum
hehehehe
Zelia Diana diz:
do dia do show
que você pôde vir de novo : (

e eu fui com as amigas
Pretendente diz:
é
Zelia Diana diz:
peraê
Zelia Diana disse (21:30):
pronto
vá lá ver
Pretendente diz:
ja vi
hehehehe
vc e as meninas
queria ter ido tb
hum
q c ta fazendo linda?
Zelia Diana diz:
tou
erh
nada.
Pretendente diz:
hehehehe
Zelia Diana diz:
e vocÊ?
Tava na rua, né?
Pretendente diz:
tava
comendo pra variar
Zelia Diana diz:
Ai, ai ai!
Pretendente diz:
so faço isso em shopping
Zelia Diana diz:
Ai ai ai dobrado!
Pretendente diz:
hehehaehaeheahea
Zelia Diana diz:
hum!
Pretendente diz:
e v?
vc?
comeu o q?
Zelia Diana diz:
Sopa de abóbora com cenoura e molho de tomate.
pra rebater o queijo de ontem
Pretendente diz:
nossa
que maravilha heim

(hahahaah)
Zelia Diana diz:
vou sair
Pretendente diz:
pq?
onde c vai?
Zelia Diana diz:
pro quarto
xau
Pretendente diz:
hum
Zelia Diana diz:
beijo
Pretendente diz:
bju linda
se cuida

Zelia Diana diz:
(É só isto mesmo que tem para me falar?)
Pretendente diz:
adoro vc
Zelia Diana diz:
Não!
Adoro trocar carinho contigo,
mas gosto de conversar um pouco menos frivolamente, também
Pretendente diz:
hehehehehe
Zelia Diana diz:
é nisso que vai ficar a nossa conversa?
Oi
E aí
só?
Só.
Ai,
Pretendente diz:
uai.....o q quer saber


uai Zélia....
Zelia Diana diz:
não é questão de saber
eu quero participar da sua vida
Pretendente diz:
eu fiquei o dia inteiro em casa....nao fiz nada a nao ser estudar

eu é qu nao tenho novidades
ta vendo
eu sou bobo demais
Zelia Diana diz:
Ai, Jisuis! Eu venho te falando desde sempre: Não me importam os fatos, eu já sei da sua rotina!
Pretendente diz:
intaum
Zelia Diana diz:
Anda estudando muito? O quê?
Tem gostado?
Tem odiado?
Porquê?
A comida hoje, tava boa?
O shopping tava lotado?
Alguém se vestia tão mal que chamou sua atenção?
Pretendente diz:
mas vc disse que ia sair...depois briga comigo.....
Zelia Diana diz:
Ai, meu bem,
assim eu vou mesmo!

Minutos depois

Zelia Diana diz:
oi
Pretendente diz:
oi
Zelia Diana diz:
perdoe minha falta de paciência
Pretendente diz:
nao
Zelia Diana diz:
hoje meu dia não foi dos melhores
Pretendente diz:
de boa
fica tranquila
Zelia Diana diz:
Nossa, você é tão bonzinho.
Devia ser padre.
Pretendente diz:
é
mamae tb acha
Zelia Diana diz:
É justamente disso que eu estava falando
Pretendente diz:
to brincando ne
Zelia Diana diz:
Onde marte se escondeu quando você nasceu?
estava de férias?
Pretendente diz:
a mamae me apoia em tudo o que faço
marte?
pq marte?
Zelia Diana diz:
é planeta que influencia a agressividade
Pretendente diz:
hum
Zelia Diana diz:
estou falando meio em metáfora
Pretendente diz:
eu nasci longe disso
Zelia Diana diz:
eu digo que no seu mapa astral, marte está fantasiado de júpiter
querendo dizer que sua agressividade deve estar em outro universo
Pretendente diz:
eu entendi ja
Zelia Diana diz:
marte dá agressividade,
mas não é no mau sentido
agressividade é vontade de viver
de ir para frente
de querer coisas
Pretendente diz:
uai..eu tenho
Zelia Diana diz:
eu sei, eu vejo sua garra e dedicação

Pretendente diz:
o q te faz pensar o contrario?
Zelia Diana diz:
por que diabos você é tãããããooo bonzinho?
Pretendente diz:
nem sempre
Zelia Diana diz:
todo mundo tem um lado ruim
Pretendente diz:
eu perco a paciencia tb
Zelia Diana diz:
isso
é o que eu quero ver
Pretendente diz:
nao....nao gosto muito disso nao
nao.....é raro....nao tenho motivos pra isso
Zelia Diana diz:
quando se tem um problema,
é melhor escondê-lo e fazer de conta que não tem
ou expô-lo e tentar melhorar a coisa?
Todos temos um lado feio
e tentar escondê-lo não é bom
tudo que você pressiona, explode
pra você ser assim tããããaoo bonzinho
seu lado ruim deve estar comprimido com pressão de 100bar
Pretendente diz:
mas como eu sempre disse....nao vai ser perguntando.....me forçando a falar que vc vai conhecer isso.....
Zelia Diana diz:
e quando explodir, pode matar uns três
Pretendente diz:
nao
num é assim tb nao
Zelia Diana diz:
como vai ser?
Vou esperar explodir?
Pretendente diz:
uai.....nada melhor que conviver com uma pessoa pra conhece-la
nao....
Zelia Diana diz:
até explodir?
Pretendente diz:
nao vai precisar...
Zelia Diana diz:
Aí junto os cacos... ?
Pretendente diz:
nao
so qeu eu nao sei falar tudo de uma vez
Zelia Diana diz:
sei, sei
Pretendente diz:
"me fale do seu lado ruim"....
ah...eu sou terrorista....e tal

gosto de matar pessoas.....
ta vendo

Zelia Diana diz:
estou tentando aliviar a pressão
fazendo um furinho pro ar escapar
Pretendente diz:
eu nao to pressionado
o q te faz pensar isso?
Zelia Diana diz:
Ai
vamos lá
eu disse no começo
"todos têm um lado ruim"
"que ou está exposto, ou está contido"
"quanto mais contido, mais pressionado"
"e quanto mais pressionado, maior a possibilidade de explodir"
não sou eu quem diz
é Freud
é Jung
Pretendente diz:
conheço bem tudo isso...
Zelia Diana diz:
São todos os psicanalistas da história
Pretendente diz:
sim sim...
ja os li
Zelia Diana diz:
Então pára de negar que você tem um lado ruim, p*!
Pretendente diz:
eu nao estou negando
Zelia Diana diz:
TEm, eu sei que tem
eu não tenho medo dele
muito pelo contrário
eu quero conhecê-lo
para te ajudar a melhorá-lo!
para que você seja uma pessoa completa!
Pretendente diz:
so estou falando que nao é numa conversa que mostramos isso
Zelia Diana diz:
É numa explosão?
Eu tenho o péssimo hábito de achar que tudo se resolve com conversa.
Pretendente diz:
mas resolve.....mas nao em "uma conversa".....
Zelia Diana diz:
Mas temos que COMEÇAR em UMA conversa
não?
Pretendente diz:
uai....
eu sempre estou falando com vc....
ja sabe que eu posso perder a paciencia....
meu lado ruim so nao gosta muito de ficar exposto....
nao ha necessidade.....deixa-o quietinho la
quando precisar ele aparecerá.....
nem eu sei bem "do que sou capaz".....neste sentido....
entende?
ei
nao qeur que eu fale....
intaum fale comigo tb
Zelia Diana diz:
Eu não sei o que dizer
vou repetir o mesmo argumento de outra forma.
Você tem um cachorro.
Muito bravo
Pretendente diz:
o qu mais que eu tenho qeu fala
oia o tanto de coisa que falei ai
Zelia Diana diz:
é melhor prendê-lo o dia todo
Pretendente diz:
num sei mesmo o q dizer
Zelia Diana diz:
até que ele consiga se soltar e te morda
ou é melhor ensiná-lo a ser mais manso e obediente?
Pretendente diz:
é melhor que ele seja manso e obediente
e se o meu ja for assim???
Zelia Diana diz:
NÃO EXISTE!!!! ELES NÃO NASCEM ASSIM!!!
Pretendente diz:
mas podem se tornar nao podem?
foi vc mesma quem disse
Zelia Diana diz:
Podem
e não é de graça
precisa de trabalho
carinho
e
CONVERSA
Estou tentando te ajudar a amansar sua fera
que eu sei que existe,
Pretendente diz:
mas e se ela ja for mansa?
é isso que to tentando te falar
Zelia Diana diz:
ainda que você pareça um príncipe
Vamos à metáfora astrológica:
Se marte não existisse no seu mapa
Pretendente diz:
nao.....
Zelia Diana diz:
você não seria a pessoa lutadora que é
Pretendente diz:
vc insiste em dizer que eu tenho uma fera dentro de mim...
Zelia Diana diz:
não teria tanta garra, tanta motivação
Pretendente diz:
e eu so estou dizendo que a minha fera já é um tanto quanto mansa....pq eu ja trabalhei isto no retiro

Zelia Diana diz:
Então tá
Pretendente diz:
alias.....grande parte do tempo a gente fazia essas coisas

Zelia Diana diz:
eu concordo
seu lobo agora é um perfeito carneirinho
sem ironia
porque é justamente o que eu preciso para completar o argumento
Pretendente diz:
nao é que seja tao manso assim.....
mas sei controlar
Zelia Diana diz:
Digamos que sim
Pretendente diz:
por isso nao explodo....
Zelia Diana diz:
quem sou eu para dizer que você não é o que diz que é?
Pretendente diz:
mas as vezes a  fera fica mais agressiva tb....
Zelia Diana diz:
é você quem sabe de você
não estou dentro da sua cabeça
se você diz que sim, eu acredito
Pretendente diz:
e eu to tentando mostrar que pelo menos tento nao ser sempre meu lado fera...mas mais o lado bom....
Zelia Diana diz:
Não, não
nada de voltar atrás
agora concordamos que seu lado fera é bonzinho
seu lobo é como o lobo mau de Shrek 2
sem querer ofender a sua masculinidade
Pretendente diz:
hahahahahah
mas ele tem "instinto"
e as vezes isso pode aflorar
Zelia Diana diz:
Puxa vida, agora que eu resolvi concordar, você toma o partido do argumento que eu abandonei
Pretendente diz:
é
sou do contra agora
virei a pagina
Zelia Diana diz:
Por favor, pelo bem e continuação da conversa, concordemos: Seu lado mau está devidamente controlado!
Era o que você dizia há minutos, não se contradiga!
podemos continuar?
é preciso superar este ponto...
Pretendente diz:
nao estou me contradizendo
estou dizendo que ele esta controlado
mas pode estourar
nada o impede
normal
Zelia Diana diz:
Eita!
Empacou!
Pretendente diz:
hahahahah
vc tem que concordar com isso
é o mais normal
o seu lado "lobo" nao é dominado nao???
Zelia Diana diz:
ERA O QUE EU DIZIA, DIABOS!
Olha,
eu vou ter que pular isto
eu preciso chegar ao fim do meu argumento!
Por favor, esteja isto claro:
Você tem um lobo,
mas é manso,
pelo menos a maior parte do tempo,
ok? Pode ser assim?
Preciso disso como premissa para continuar
concorda, pelo menos em parte?
Pretendente diz:
 ok
Zelia Diana diz:
 Ufa!
 \a/
 Vamos em frente então
 (nossa, até suei agora)
 ...
 Pronto, recuperei-me.
 Temos a seguinte situação:
 eu sou uma pessoa normal,
 com um lado bom e um lado ruim
 tentando expor o meu lobo
 no intuito de domá-lo
 (ou de conhecer-lhe os hábitos, ou algo assim)
 e você
 é um cara muito gente-boa
 bonzinho pacas
 que tem um lado bom enoooooorrrme
 e um lado ruim dominado
Pretendente diz:
 nada....eu sou ruim demais
Zelia Diana diz:

 e ainda é modesto
 !!!
 um Príncipe!
 Consegue ver porque não encaixamos?
 É tão óbvio!
 Lembra do que eu te falei sobre o atrito?
 como única forma das pessoas irem se polindo
 crescendo juntas,
 lembra?
Pretendente diz:
sim
Zelia Diana diz:
 O que acontece quando você atrita duas pedras cheias de pontas?
 ambas ásperas
Pretendente diz:
vao se aparando....eu acho
Zelia Diana diz:
Boa!
E quando você atrita uma pedra polida numa pedra áspera?
Pretendente diz:
a chance da aspera machucar a polida é maior
Zelia Diana diz:
Você é a pedra polida, a fera domada. Eu sou áspera.
e tem mais:
a chance da pedra áspera ficar polida tende a zero.
ou seja:
quanto mais bonzinho você for comigo,
menos útil no meu crescimento "como pessoa" você será.
Pretendente diz:
hum
complicadissimo isso pra mim
Zelia Diana diz:
Mas estou explicando com tanta didática...