sábado, 3 de maio de 2014

Salvem os Homens!

Quase pus no título "Salvem os Machos!" e induzi quem lê ao total engano das intenções desta postagem.

Sabem que eu sou partidária do #VamosPararParaPensar# em que assunto seja, mas tem coisa que nem é de pensar, é de sentir, e na lata! Fui gastar meu Vale-Cultura num shopping e, saindo, encontrei uma família que entrava.

Eu não conseguiria desenhar a monstruosidade da reação do pai. Nem o estrago que fez na alegria do menino. Tomou-lhe a boneca, esbravejou (como deve fazer sempre no trânsito), apontou o dedo... Seguiu-se um longo sermão sobre ser macho. Para um piá de dois anos.

Quando eu contei para as colegas do trabalho que o meu bebê seria um menino, uma delas falou: - Ainda bem que você descobriu logo, eu já ia comprar uma boneca de presente! Ao que eu respondi: - Mas meninos também podem brincar com boneca. Imagine oito pessoas parando seus afazeres para me olhar com cara de reprovação. Uma, mais transparente, falou: - Você quer que seu filho seja gay? - Eu quero que ele brinque com o que quiser. Não vem ao caso o clima pesado que pairou na sala depois, mas pensando agora, eu poderia ter respondido "Eu quero que ele brinque de casinha e aprenda a cuidar do espaço onde mora, que brinque de boneca e aprenda a cuidar das pessoas, que brinque com carrinhos e monstros, e que principalmente não fique discriminando coisa de mulher/coisa de homem." mas seria chato, e trabalho não é lugar para debater filosofia.

Desde então tenho pensado em quanto difícil é ser homem neste mundo. Ok, ok, na vida prática, homens ganham mais dinheiro, e coisas assim. Mas estou falando de ser, e não de ter. Até que um menino se torne adulto  - e especialmente na adolescência - existem cobranças, imposições sociais, estereótipos, tudo que se coloca como castrador para as mulheres, há também para os homens, com a diferença que as mulheres falam. Aos homens é proibido expressar sensibilidade, sofrimento moral, dor sentimental, compaixão, afeto... Gay! Que coisa gay! Isso é coisa de Viado! Sua bicha fresca!

E por que isso incomoda? Por que ser gay é errado, humilhante, indesejável. Gays são homens que faliram em seu papel de macho. Céus!

Ouvi um rapaz contar que na infância foi abusado sexualmente, e não pôde contar para ninguém, pois sempre ouvia o pai fazer piadinha homofóbica: temia, antes de tudo, ser desaprovado pela família. Aguentou tudo sozinho, e grandes traumas ainda corroem sua alma, especialmente a dor de não ter com quem contar. As pessoas não fazem ideia de quanto sofrimento podem estar causando com ações aparentemente inocentes, porém más.

Enquanto persistir o rótulo negativo na homossexualidade, os homens terão que reforçar a cada instante a sua masculinidade ogra, que cospe no chão e não é capaz de sentir o cheiro das flores. Se um menino tem dons artísticos, por exemplo, pode ser tachado de bichinha pelos colegas, pelos parentes, pelos olhares maldosos na rua. Então, buscará sufocar seu talento, ou expressá-lo da maneira mais macho possível, poesia tem que ser rap, pintura tem que ser grafite, dança é breake ou coisa de biba. (Claro que eu respeito a cultura Hip-Hop, não é disso que se trata...)

Observo muito homens conversando, e não vejo nenhum falando de si. Ah, sim, da carreira, do gol que fez, de qualquer coisa que mostre o macho alfa que reside no seu âmago. Um amigo de 60 anos conversou comigo dia desses sobre o desespero de casar a filha, de sentir-se podado de seu maior afeto, de entregar sua princesinha nas mãos de um "moleque qualquer". Sem pensar muito no sentido do que dizia, ele queria compartilhar uma dor muito profunda, e ser aceito. Queria poder dizer para alguém "Estou triste, me sinto amargurado" sem que lhe respondessem "Deixa de ser frouxo e vira homem!". Foi ele quem me disse isso, no final da conversa. Disse também que havia tentado falar com outros amigos, mas mesmo sua esposa o repreendeu.

Somente quando a escolha da sexualidade estiver desatrelada de modelos de comportamento (e estes modelos desprovidos de julgamentos de valor) os gays estarão livres do preconceito, e finalmente, os homens estarão livres para serem machos como queiram, sem ter que passar pelo check-list da virilidade.

Ah, e meu filho dia desses estava trocando a fralda da boneca na creche, exatamente como o pai dele faz com ele.

sábado, 29 de março de 2014

Crer sem criticar faz tanto mal quanto comer espinafre

Meus queridos

Recebi um desses e-mails informativos que ninguém sabe de onde vem. Não costumo divulgar o que não conheço, então fui à fonte pra ver se era isso mesmo, ou só mais outra corrente inventada pra entupir nossas caixas. E não é que a Doutora achou que eu era jornalista, e que o texto era meu (enquanto eu queria saber se era dela)?
Mas o importante é que ela confirmou as informações, e ainda completou: Folha de mostarda e folha de beterraba também fazem mal.
Podem passar adiante!

Vida e saúde pra vocês!

E claro, AbraçÃO!



-----Mensagem original-----
De: Dra Jocelem M Salgado [mailto:jmsalgad@esalq.usp.br]
Enviada em: quarta-feira, 21 de maio de 2008 17:25
Para: zeliadiana
Assunto: Re: Por que o espinafre faz mal à saúde


Cara Zélia,

Parabéns pela materia , achei que ficou técnica mas ao mesmo tempo com
informações claras e concisas para o leigo . è disso que precisamos
hoje escalrecer o consumidor , e não confundi-lo ainda mais. Por conta do
teor de ácido fítico eu sugiro a voce retirar a indicação do consumo de
folhas de mostarda e de beterraba. mais uma vez parabéns , obrigada

profa Jocelem


----- Original Message -----
From: zeliadiana
To: <JMSALGAD@ESALQ.USP.Br>
Sent: Tuesday, May 20, 2008 3:55 PM
Subject: ENC: Por que o espinafre faz mal à saúde



Boa tarde, Doutora

Tomei a liberdade de entrar em contato para confirmar informações, espero
que não sinta sua privacidade invadida, estou na verdade tentando zelar pela
preservação do respeito ao seu nome e ao meu.

Recebi o e-mail abaixo e gostaria de repassá-lo aos meus amigos, uma vez que
prezo pela saúde deles, mas seria irresponsável encaminhar informações de
fonte duvidosa.

Gostaria que verificasse a veracidade das informações deste texto que, se
falso, deve ser de seu conhecimento que tem sido atribuído à sua pessoa e,
se verdadeiro, parabenizo pela pesquisa e sua grande relevância, me
empenharei em divulgá-la.

Grata pela atenção,

Zélia Diana Barbosa






ALIMENTAÇÃO:

Por que o espinafre faz mal à saúde

Jocelem Mastrodi Salgado*

O consumo do espinafre aumenta a cada dia que passa. O famoso marinheiro Popeye, faz propaganda do alimento, dando a entender que quem come espinafre está sempre forte e pronto para superar qualquer obstáculo. O que poucos sabem, é que no mesmo país de origem do desenho (Estados Unidos), há algumas décadas atrás, a ingestão de leite batido com espinafre (o objetivo era enriquecer a bebida com ferro), causou a morte de crianças recém-nascidas. A doença ficou conhecida como doença do branco do olho azul, pois o branco dos olhos ficava dessa cor.
Posteriormente, descobriu-se que a presença do espinafre no leite era a causadora da tragédia, mas na época (1951) o fato foi encoberto e o desenho do marinheiro Popeye continuou a ser exibido.

Por que devemos tomar cuidado com o espinafre

O espinafre é um dos alimentos vegetais que mais contém cálcio e ferro. Entretanto, esses dois minerais são pouquíssimo aproveitados pelo nosso corpo, já que o alto teor de ácido oxálico no vegetal inibe a absorção e a boa utilização desses minerais pelo nosso organismo. Os estudos mostram também que o ácido oxálico do espinafre pode interferir com a absorção do cálcio presente em leites e seus derivados.
Esse fato sugere que o espinafre em uma refeição pode reduzir a biodisponibilidade de cálcio de outras fontes que são consumidas ao mesmo tempo. Por isso, se no seu almoço você comeu uma torta de queijo com espinafre, tenha certeza que grande parte do cálcio do queijo não foi utilizada pelo seu organismo.
Outra grande preocupação é o possível efeito tóxico que a ingestão de grandes quantidades dos fatores antinutricionais presentes na planta pode causar nas pessoas. Com o objetivo de avaliar todos esses problemas, uma pesquisa, que resultou em uma tese de mestrado, foi desenvolvida na ESALQ/USP sob minha orientação. O estudo intitulado "Avaliação química, protéica e biodisponibilidade de cálcio nas folhas de couve-manteiga, couve-flor e espinafre" teve como objetivos verificar se determinadas plantas podiam ser utilizadas na dieta humana, sem causarem prejuízos à saúde e o bem-estar do indivíduo.
A pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) As folhas estudadas foram adquiridas no comércio local e a folha de espinafre foi também adquirida de outros dois locais: da Fazendinha da UNIMEP e da horta do Departamento de Horticultura da ESALQ/USP. Essas folhas foram lavadas, secas em estufa e moídas. A seguir, foram acrescentadas nas dietas que foram avaliadas durante o ensaio experimental com duração de 30 dias.
       Resultados
Os resultados começaram a impressionar quando verificamos os teores dos dois fatores antinutricionais investigados: ácido fítico e oxálico. A folha de espinafre apresentou valores muito altos em relação às demais.
Como conseqüência desse fato, os animais alimentados com a folha de espinafre morreram na primeira semana, e portanto, não puderam ser avaliados até o final do estudo. Várias tentativas foram feitas, utilizando dietas com folhas de espinafre cozidas (acreditávamos que o calor pudesse destruir os fatores tóxicos presentes) ou folhas de espinafre provenientes de outros locais (livres de agrotóxicos que pudessem ter influência).
Contudo os mesmos resultados repetiram-se, ou seja, houve a morte dos animais com hemorragia, tremores e perda de peso. Os rins dos animais mortos foram retirados e analisados pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba/UNICAMP. De acordo com o laudo apresentado pelo Departamento de Patologia, foi comprovado inchaço renal, indicando uma nefrotoxidade, edema celular e depósito de substâncias aparentemente cristalizadas nos túbulos renais, o que provoca disfunção renal.
De acordo com vários pesquisadores, a explicação provável estaria na presença do ácido oxálico no alimento, que além de causar um balanço negativo de cálcio e ferro, em doses superiores a 2g/Kg de peso, pode causar toxicidade nos rins. Já o ácido fítico, quando na proporção de 1% na dieta, seria o responsável pela redução do crescimento dos animais jovens. Na década de 80, estudos já atribuíam ao ácido oxálico sintomas como lesões corrosivas na boca e trato-intestinal, hemorragias e cólica renal, causados
pela ingestão de plantas ricas nesta substância. De acordo com esses mesmos estudos, o espinafre que possui a relação de ácido oxálico/cálcio superior a 3, deve ser evitado. Na nossa pesquisa isso foi observado.

Com relação às demais folhas, couve-manteiga e couve-flor, não foi observado nenhum efeito tóxico, verificando-se que a melhor biodisponibilidade e retenção de cálcio nos ossos (73%) ocorreu nos animais que ingeriram a dieta contendo couve-manteiga.
Os resultados desse estudo nos levam a acreditar que o consumo de espinafre deve ser substituído por outros vegetais folhosos, já que os efeitos proporcionados pela ingestão das substâncias antinutricionais presentes na folha, podem ser prejudiciais à absorção de nutrientes importantes para nossa saúde, e essas mesmas substâncias podem causar sérios problemas tóxicos.
Os resultados também sugerem que além da grande presença de ácido oxálico e fítico, provavelmente a folha do espinafre contenha outras substâncias tóxicas, que supostamente levaram à óbito os animais do estudo, bem como causaram o incidente com os recém-nascidos nos Estados Unidos. Essas substâncias, ainda não identificadas, exerceriam ações tóxicas em pessoas mais sensíveis e levariam a chamada "doença do branco do olho azul". Fica claro, portanto, a necessidade de mais estudos elucidativos a respeito do
assunto.
Finalizando, a minha dica é que todos procurem dar preferência a outros vegetais folhosos em substituição ao espinafre: a couve, brócolis, folha de mostarda, agrião, as folhas de cenoura, beterraba e couve flor e leguminosas como os feijões, ervilhas, lentilhas e soja são as melhores opções para quem quer consumir fontes alternativas de cálcio e ferro.


*quem é a profª Jocelem:
http://www.esalq.usp.br/pesquisa/detalhe1.php?id=77

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Vaidade redimida!

Só para ser do contra, vou suprimir a política deste sete de setembro para postar para as meninas. Hoje vou contar meu segredo de beleza:

NÃO USO XAMPU NEM CONDICIONADOR industrializados.

E o que já ouvi de gente falando que isso é uma imundície...

O que rola é que os xampus industriais só viraram cotidianos depois das panteras (anos 70, brother) com seus cabelos esvoaçantes (ressecadíssimos!). E não é naturebice, é mão-de-vaquismo mesmo. Meus cosméticos caseiros capilares não só funcionam como saem muito baratos, e fazem um bem danado para a saúde dos fios, além de não enriquecer laboratórios europeus nem poluir rios.

Xampu: Misture uma colher de bicarbonato de sódio em um copo de água. Passe na cabeça (raiz do cabelo) seco e massageie muito suavemente. Pode já enxaguar direto ou deixar um pouco de tempo, depende do quanto oleoso estiver seu cabelo. Também depende disso a concentração de bicarbonato na água. Ao enxaguar, passe um pente desembaraçando o cabelo embaixo da água. Enxágue bem antes de passar o

Condicionador: Um copo menos dois dedos de água, dois dedos de vinagre. Preparar com antecedência e colocar um pau de canela e um de baunilha para amenizar o cheiro do vinagre.

Creme fortalecedor: abacate batido com leite (Sem açúcar, né, mano?!).

Óleo de pontas: óleo de coco extravirgem (que não tem cheiro de coco).

Não inventei isso, copiei colei me inspirei depois de muito ler e resolvi pagar para ver. Dá certo! Mas tem que fazer direitinho, e observar as regras:

1 -  Como disse a Melina no blog One Green Generation (não é possível fazer o link), é preciso redefinir o que é normal, e entender que o efeito destes cosméticos são bem diferentes dos industriais. Seu xampu não vai fazer espuma (e nem o seu cabelo precisa dela), e talvez você tenha que passar duas vezes. Se massagear com muito vigor, pode ferir seu couro cabeludo, tente colocar menos bicarbonato na água. Será mais difícil desembaraçar o cabelo durante a lavagem. O Vinagre diluído tem cheiro, mas só até secar, depois some completamente, e o cabelo pode parecer duro depois do vinagre, mas o que acontece é que a cutícula está bem fechada (para cabelos cacheados fica ainda melhor).

2 - Não existe meia mudança. Ou você deixa o xampu e os condicionadores de vez ou nem tenta usar estas receitas. Motivo: o enxofre do xampu (lauril/lauretil sulfato de sódio) M-A-T-A o seu cabelo. Limpa, mas mata. Daí é preciso um condicionador para reparar o dano. Mas toda a totalidade de 100% dos condicionadores industriais contém silicone (tudo que termine em "one" entra na categoria), um pegajoso maldito que deixa o cabelo lindo na hora que passa, mas atrai sujeira como ímã e só sai com... enxofre. Dá-lhe xampu. E dá-lhe condicionador, que só sai com xampu... Então a abolição estende-se a leave-in, óleo de pontas, e todo tipo de industrializado. Mas pode-se fazer hidratação com receitas caseiras, iogurte, mel, etc.

3 - A primeira semana de mudança é uma fase crítica. Você ainda acha que só o bicarbonato não limpou nada, seu cabelo continua ressecado e o couro cabeludo parece muito oleoso. E está mesmo: o excesso de xampu obriga-o a produzir mais óleo, é uma defesa. Com o tempo a oleosidade diminui. Não esmoreça, em mais uma ou duas semanas seu cabelo vai reviver. Convém lavar com mais frequência, se ficar oleoso.

4 - O que vai melhorar seu cabelo primordialmente é a oleosidade naturar do couro cabeludo que - não sendo agredido por xampus - vai descer pelos fios. Pode não chegar às pontas (então o óleo de coco vai nelas), mas desce hidratando e alisando levemente. Porém, se seus fios não são totalmente lisos, é preciso ajudar esse óleo santo a descer. Compre uma escova de desembaraçar com cerdas macias de pontas redondas e bem separadas, que não machuque seu couro cabeludo. Se for usá-la no banho, não compre daquelas que tem uma almofadinha onde saem as cerdas, pois acumula água e sujeira. Escove os cabelos duas, três vezes ao dia, das raízes às pontas. Fazendo o óleo descer ele não acumula na cabeça, e a massagem reduz queda de cabelo e estimula o crescimento.

5 - Cabelos tratados com química (alisamento, tintura, permanente, etc) provavelmente não se darão bem com este regime. Mas confesso que nunca soube de alguém com química que o usasse. Sei de muitas pessoas que usam e pararam com a progressiva, porque o cabelo tratado como dito aqui reduz o volume, aumenta o brilho, fica mais liso (se for um pouco liso - é o meu caso) ou modela os cachos (se for cacheado), fica mais forte, infinitos benefícios!

Há 7 meses estou neste processo de mudança. "Nossa, há sete meses que você não usa xampu?" Não. Eu usei xampu duas vezes neste intervalo, uma vez porque caiu cocô de passarinho no cabelo e eu não tinha meu xampu (eu estava na casa de uma amiga, usei o dela) e outra vez porque passei cinco dias sem lavar o cabelo, que ficou extremamente oleoso e eu estava com pressa e preguiça para ficar passando o bicarbonato duas, três vezes. Mas arrependi-me: o cabelo ficou cheio de arrepiados e perdeu brilho. 

Algumas vezes escovo com secador após lavar, tentando não chegar muito perto o secador para não queimar o cabelo. A escova está mais fácil de fazer e dura mais. Mas o cabelo fica macio mesmo quando não escovo. Não tenho usado chapinha porque danifica muito. E porque não precisa, gosto de um pouco de volume, enrolo as pontas.

Esse é o tipo de pequena mudança no estilo de vida que prova que fazer as coisas de um modo diferente não dói, e apesar de ser bem fora do comum é algo que pode funcionar e funcionar bem melhor do que o método tradicional. É estranho, eu sei, mas estou pagando para ver e tem sido muito bom. Bom para o meu cabelo que melhorou demais (ele já foi tão duro que eu fazia escova progressiva no bicho), bom para o meio ambiente, para a conjuntura econômica (aquele lance de desestimular a industria concentradora de renda) e ótimo para o meu bolsinho! Com R$10 tenho xampu e condicionador para meses.

O legal de começar a mudar é que fui ficando mais consciente do quanto o meu cotidiano impacta no mundo. Por exemplo, fui hoje comprar uma tinta para o cabelo pensando em como conciliaria a tinta com este método de manutenção. A henna natural era já uma decisão óbvia, mas só consegui comprar a orgânica e não testada em animais. Quem sabe eu ainda viro vegana. Minha saúde e orçamento agradecem.

P. S. : Vou passar a henna no cabelo amanhã, depois conto a experiência.

* Atualização, novembro de 2013: A henna está fazendo maravilhas. os fios brancos - que são muitos apesar da minha juventude - ficam bem cobertos e os outros fios criam muito brilho, está parecendo que fiz "luzes vermelhas". Também reduziu a queda e o volume. Qualquer dia eu conto como passar.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Sim, a política.

Sempre ela, não tem jeito. Ela permeia nossas vidas, mais presente que o ar. Até o fim da novela (sem graça, né?) tem nela sua razão de ser. E como muito bem escrito no Porque os homens se entorpecem de Liev Tolstoi - de 1890 - as pessoas precisam se entupir de distrações para não ouvir sua consciência gritando
- Mude!
- Mexa-se!
- Como está não pode ficar!

Hoje procurando apoiadores para a #rede (o que não se resume a coletar assinaturas, note-se) encontrei um cara muito cheio de argumentos para chamar todo político de corrupto e todo o sistema de podre.
- Então você apoia a criação da rede?
- Não, eu quero é distancia disso.

Oxe! A pessoa acha que está tudo ruim, mas não move um dedo (geralmente para assinar são três) para tentar mudar? Arriégua! Como se isto o tornasse uma ilha onde a política não chega. O pior cego...

Nada garante que a #rede vai ser diferente... Opa! Garante sim! Eu li o estatuto, há mecanismos de controle para que realmente seja diferente, como os plebiscitos periódicos sobre a continuidade da #rede. E mesmo para quem odeia políticos, este partido será uma alternativa, já que até 30% das vagas em candidaturas destinar-se-ão a representantes de classes ou movimentos sociais sem filiação.

No mais, se a #rede não conseguir ser diferente mesmo, é só não votar depois. Saibam, ainda não sei se concordo totalmente com as ideias desse movimento, e não tenho certeza se votaria no Martiniano Cavalcante. Mas ainda que não concorde com nada do que dizem, lutaria até a morte para que tivessem o direito de o dizer. Sempre Voltaire.

Então passo o meu intervalo de almoço com camiseta emblemada com Sou mais um na #rede! e fico de madrugada tentando chamar a atenção de quem lê o blog > P O R    F A V O R   assine uma fichinha e envie para o endereço estadual - ou para mim! Tire uns minutos - até menos do que gastou para ler esta página - para conhecer a #rede. Pelo Brasil, por mim e por você também. Baixe a ficha aqui.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Ativismo

Daria para resumir tudo o que pretendo com este blog nesta postagem. Outros blogs que fomento falam de assuntos específicos (e por tanto não os vinculo a este), e este somente da minha pessoa. E a minha pessoa está preenchida integralmente desta vontade: Ativismo.

Das inquietações (se eu fosse poeta e português, diria: desassossego!) que mantém em vibração os meus átomos, há a vontade primária de mudar. Não de mudar simplesmente e metalinguisticamente, já foi assim, agora aprendi a direcionar esta energia. Mudar algo em mim, ser melhor, maior, mais bonito e mais forte. Em seguida, deixar de egoísmo e expandir: mudar o mundo. Coisa pouca!

Que há para se mudar no mundo? Ora, tudo! Vá dizer que gosta do que vê no noticiário? A culpa é da imprensa sensacionalista...

Ah, mas o mundo é tão grande... e eu sou tão pequena... Então me lembro que quando entramos no Orkut ficávamos espantados em como parecidos somos, todos, nos detalhes mínimos. Esta era a graça de participar de comunidades como "Eu escovo os dentes andando pela casa". Eu sou pequena, singular, formiguinha. Mas somos muitas formiguinhas. E quanto parecidos somos! Como queremos que o mundo seja bonito, justo, limpo, seguro! Deixa de bobagem, somos românticos, no fundo o que a gente quer é ser feliz mesmo.

Me lembrei agora da tia que falou: "Como poderei ser feliz enquanto houver alguém triste ao meu lado?" Tem gente que responde: "Fechando os olhos!" ou subindo os muros, subindo o vidro do carro, ligando a televisão, dá na mesma. Tem gente, como a tia que falou, que percebe o quanto próximos estamos do próximo, e resolve fazer diferente. A tia que falou: tia Tereza de Calcutá. Falou também o seguinte: "Não podemos fazer grandes coisas, apenas podemos fazer pequenas coisas com muito amor." Eu até concordo se colocar uma palavrinha no meio: Não podemos fazer SOZINHOS grandes coisas. A parte do amor deixo intacta.

Então está confesso: é isto que pretendo com este blog, contagiar quem lê com alguma vontade de mudar. E  vontade com forma, com direção, e no coletivo: ativismo. Sirva para alguma coisa no mundo, junte-se aos que lutam por alguma causa. Qual? Ha ha, agora é que vem a graça da democracia! Pela causa que melhor lhe contenha. Mas se estiver sem inspiração, vou colocando, a conta-gotas, as minhas causas aqui, no blog.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Long Time No See!

Oi!

Agora que passou o carnaval e 2013 começa mesmo, vou por a andar minha promessa de ano novo: Deixar o blog mais leve, menos chato, menos pseudocult. Mais parecido comigo, afinal, a gente muda...

E mais ainda quando tem um filho...
O ano de 2012 trouxe o meu rebento. O ano foi todinho dele. Mas agora eu preciso viver de novo, né?

Feliz ano novo!

Nos veremos mais, tá?

segunda-feira, 28 de março de 2011

Amor não é 8 ou 80

Estaciono a moto e me olha snob um cachorro de rua. Achei-o metido e fui para a aula. No intervalo pediu um pedaço do meu lanche, mas tão digno e humilde que me apaixonei. Agora um assovio e o bichinho vem correndo me sujar de lama antes da aula. Eu sou louca por aquele cachorro, se não o vejo ao chegar fico saindo pro pátio no meio da aula, preocupada, e me parte o coração quando corre atrás da moto no fim da noite.

Será que ele entenderia se eu se lhe dissesse que não posso levá-lo para casa? Que ele não seria feliz trancado em 64m² e sozinho o dia todo? Que o preço de estar comigo é abandonar os gramados, as corujas e os macacos que ele persegue, os outros lanches e carinhos que ganha? Sei que passa frio, fome às vezes, que deve ser duro ser sozinho, sem dono, sem rumo, mas como posso fazê-lo entender que é de sua natureza ser livre e é da minha poder estar com ele apenas alguns minutos por noite? Seria preciso que eu de fato o prendesse para ele entender como é bom para ele não ter dono?


Eu o amo, muito. Desejo para ele todas as alegrias possíveis na vida de um cachorro. Penso durante o dia em encontrá-lo e brincar com ele e acordo sorrindo do devaneio. Ele me faz muito bem, e eu cuido e mimo o magrelo tanto quanto não lhe torne cativo. Mas ainda assim ele corre atrás da moto sempre que vou embora.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Deus me livre de votar em...

Eu nunca fui com a cara da Dilma. Mas votar no Serra me desmotiva, pessoalmente não desejo a privatização dos bancos públicos. E de mais a mais, um como o outro tem lá seus podres.



Meus questionamentos se dirigem à grande lona que se põe sobre os podres da Dilma, do PT e coisas tão óbvias e podres que a gente prefere fechar a tampa do vaso a reconhecer que existem. Como assim a Dilma e o Lula são a mesma coisa? Um semiletrado e uma economista? Alguém faz idéia de como deve ser grande o depósito de lixo para onde mandam os corações dos economistas? Veja que me salvei por pouco. Adoro economia, mas trabalhar com isto seria desumano, economistas reconhecem onde está o problema para manterem-se (raríssimas exceções) bem distantes dele.

Já que entrei no tema, vale esclarecer: Todas - eu disse TODAS - as conquistas econômicas dos governos Lula se devem ao que foi plantado pelo FHC, ou pela conjuntura internacional anormalmente favorável, ou pelo bom senso do setor privado brasileiro, ou pela manutenção de maioria não-petista no alto escalão. Veja, todos fatores não-Lula. Ah, claro, teve uma posição que o Lula tomou que foi fundamental: manteve a política FHC de maior autonomia para o Banco Central. E não precisa ter estudado economia para saber que distribuição de bolsas é um forte desincentivo ao trabalho, além de política comparável a oferecer botinas e dentaduras.

Contra o PT, espero que alguém se lembre de quantos (tantos!) escândalos que levaram à queda de um por um (Palocci, Dirceu, etc) dos potenciais sucessores, a Dilma só foi a última opção, não que estivesse limpa, mas cujos podres estão sob a tal lona maldita. Vejam o vídeo, que ainda que não prove nada por si, é indício de porcaria sob o tapete. Onde há fumaça...

Enfim,

Minha intenção ao escrever era gritar QUE INFERNO! VOU TER QUE VOTAR NULO!

Mas como dificilmente eu escrevo levianamente, fui estudar o terreno, e encontrei uma folhinha verde de esperança. Eu votarei na Marina, que - é sério - tem a ficha mais limpa que o ar da floresta. E não encontrei unzinho que tentasse levantar alguma suspeita, parece até falta de bom senso dizer que ela tem lado ruim. A mulher tem mais cacife do que parece, é a canditada que melhor imagem tem fora do país, e menos enrolada está para escolher suas companhias. A chance pode não ser lá muito grande, mas é a única que temos de mudar não só de presidente, mas de executivo todo, mudar os parâmetros, os valores, ah, sei lá, eu fiquei feliz de encontrar alguém que mereça meu voto!

E sem links desta vez, porque uma coisa é dar minha opinião, outra é fazer campanha.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Tornar-se adulto

Eu tive uma infância meio solitária, e uma adolescência conturbada. Logo comecei a trabalhar e também estudando, saía pouco.
Cheguei num ponto onde tinha meu emprego certo, meu namorado-noivo, minha vida mais ou menos já direcionada, eu olhava pro horizonte e conseguia ver quase nitidamente meu futuro.

Foi quando tive o problema do HTLV. Você não deve saber, o HTLV é um vírus primo do HIV, mas o da Aids ataca o sistema imunológico, e o HTLV ataca o sistema hematológico - de produção de sangue. Como o HIV, pode estar no seu corpo por anos sem nunca te causar nada, e pode de repente te fazer parar de produzir hemácias, e em três meses a anemia/leucemia te mata. Eu doava sangue sempre na Santa Casa, a pedido doei uma vez no Hemocentro. Não quiseram me entregar os exames, e me encaminharam para o HDT (Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia, onde meses antes um amigo meu tinha morrido de Aids) para exames mais detalhados. A infectologista me explicou que o exame que fizeram no hemocentro não era preciso o suficiente para detectar o vírus, então ao menor sinal da presença dele meu sangue foi dispensado e eu precisava fazer um exame mais específico, o Western Bolt, o mesmo que detecta o HIV. Mas que leva uns 40 dias pra ficar pronto.

Consegue imaginar quanta coisa passou pela minha cabeça nestes 40 dias? É claro que a gente sabe que vai morrer, e que só pouco provavelmente vai envelhecer, mas dar de cara com esta possibilidade é chocante. Eu pensava se teria o tal do vírus, me via doente e sofrendo, via minha família sofrendo e todos os meus planos e construções se desfazendo como areia no vento.

O resultado saiu e eu não tinha nada, o que o Hemocentro encontrou no meu sangue foi só uma proteína disforme, que depois desapareceu. Fiz o exame mais uma vez e novamente deu negativo. Ainda doo sangue sempre, não tenho nada, e nunca tive.

Mas jamais vou dizer que aqueles 40 dias foram sofridos de graça. Eu pensei tudo que se pode pensar quando se tem 21 anos, e tudo que eu aprendi mudou demais a forma como eu levava a vida. O HTLV é apenas um dos milhares de vírus que podem te atacar, tudo é instável demais, morrer é só uma mudança de estado, e tudo pode mudar de estado a qualquer momento. Aprendi a não me apegar àquilo que não estivesse mesmo em mim.

Terminei o noivado, mudei de cidade e de faculdade, me licenciei do trabalho. Nos dois anos que fiquei na UnB eu fui em tudo que foi festa, fiz Canto Coral, Prática Desportiva, Grupo de Extensão, almocei em RU, dormi num container de entulho, fiz protesto sem roupa, morei em um convento, morei em um buraco, namorei, briguei, fiz sexo dentro do ICC (de dia, no intervalo da aula das 10h), joguei bola e andei de bike mais que criança. Conheci gente de todo tipo. Fiz grandes amigos. Voltei pra Goiânia e fui recuperar outros grandes antigos amigos - ainda estou fazendo isto.

Mas não sou mais nenhuma adolescente e a responsabilidade me chama. Semana passada meu chefe me puxou a orelha de que eu preciso me dedicar um pouco mais, e decidi que vou levar a sério minha vida profissional, minha carreira.

Comecei a chegar mais cedo, estudar os normativos da empresa, fazer os cursos específicos, ler os manuais dos sistemas. Para aprender todos os serviços, fico até mais tarde com colegas que me ensinam. Tudo tem um custo, e precisei substituir algumas atividades, remanejar meu tempo, eu cortei as visitas frequentes ao msn e ao youtube. Por coerência, também não ligo mais a televisão. A faculdade me ocupa bastante, então não tenho mais aquelas horas que usava pra limpar a casa, preparar alguma comidinha, arrumar meu armário. Também deixei de correr no parque, inclusive as caminhadas com meu cachorro estão paradas por enquanto. Há a necessidade de que eu faça horas-extras, então estou aproveitando o momento para mostrar serviço, pra aprender mais. No intervalo do almoço eu fico lá no prédio mesmo, daí almoço com algum colega, conversamos geralmente sobre o trabalho e vou adiantando as coisas. Pra economizar dinheiro e tempo eu cancelei a manicure, eu corto as unhas em casa. E tive que parar de escrever no meu diário, as horas de sono estão me fazendo falta. Sei que parece um sacrifício, mas amadurecer exige estas coisas. E estas trocas todas fazem parte de uma escolha consciente de deixar a vida de moleque que eu tinha e tentar construir algo mais sério. Pequenas mudanças terão efeitos que, com o tempo, vão se acumulando, e sei que estou no caminho de me tornar uma pessoa exemplar: em algum tempo eu terei conseguido coisas significativas, e a longo prazo, algo ainda maior. Fazendo assim, não demoro a constuir algum patrimônio. Até o fim do ano com certeza eu terei uma gastrite ou uma úlcera, e em alguns anos um enfarto ou um derrame. Será meio frustrante morrer cedo, mas pelo menos terei uma bela herança para deixar para... Acho que não terei tempo para filhos, então vai ficar para... Bom, para o governo.


P.S.: Estou indo para o quinto dia sem lavar o cabelo, por que a hora que eu gastaria entre lavar e dar uma ajeitada com o secador, eu usei pra escrever este post.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Ser Mulher (na merda do mundo hodierno)

A difícil arte de ser mulher
Frei Betto
Hours concours em Cannes, um dos filmes de maior sucesso no badalado festival francês foi  “Ágora”, direção de Alejandro Amenabar. A estrela é a inglesa Rachel Weiz, premiada com o Oscar 2006 de melhor atriz coadjuvante em “O jardineiro fiel”, dirigido por Fernando Meirelles.
Em “Ágora” ela interpreta Hipácia, única mulher da Antiguidade a se destacar como cientista. Astrônoma, física, matemática e filósofa, Hipácia nasceu em 370, em Alexandria. Foi a última grande cientista de renome a trabalhar na lendária biblioteca daquela cidade egípcia. Na Academia de Atenas ocupou, aos 30 anos, a cadeira de Plotino. Escreveu tratados sobre Euclides e Ptolomeu, desenvolveu um mapa de corpos celestes e teria inventado novos modelos de astrolábio, planisfério e hidrômetro.
Neoplatônica, Hipácia defendia a liberdade de religião e de pensamento. Acreditava que o Universo era regido por leis matemáticas. Tais ideias suscitaram a ira de fundamentalistas cristãos que, em plena decadência do Império Romano, lutavam por conquistar a hegemonia cultural.
Em 415, instigados por Cirilo, bispo de Alexandria, fanáticos arrastaram Hipácia a uma igreja, esfolaram-na com cacos de cerâmica e conchas e, após assassiná-la, atiraram o corpo a uma fogueira. Sua morte selou, por mil anos, a estagnação da matemática ocidental. Cirilo foi canonizado por Roma.
O filme de Amenabar é pertinente nesse momento em que o fanatismo religioso se revigora mundo afora. Contudo, toca também outro tema mais profundo: a opressão contra a mulher. Hoje, ela se manifesta por recursos tão sofisticados que chegam a convencer as próprias mulheres de que esse é o caminho certo da libertação feminina.
Na sociedade capitalista, onde o lucro impera  acima de todos os valores, o padrão machista de cultura associa erotismo e mercadoria. A isca é a imagem estereotipada da mulher. Sua autoestima é deslocada para o sentir-se desejada; seu corpo é violentamente modelado segundo padrões consumistas de beleza; seus atributos físicos se tornam onipresentes.
Onde há oferta de produtos – TV, internet, outdoor, revista, jornal, folheto, cartaz afixado em  veículos, e o merchandising embutido em telenovelas – o que se vê é uma  profusão de seios, nádegas, lábios, coxas etc. É o açougue virtual. Hipácia é castrada em sua inteligência, em seus talentos e valores subjetivos, e agora dilacerada pelas conveniências do mercado.  É sutilmente esfolada na ânsia de atingir a perfeição.
Segundo a ironia da Ciranda da bailarina, de Edu Lobo e Chico Buarque, “Procurando bem / todo mundo tem pereba / marca de bexiga ou vacina / e tem piriri, tem lombriga, tem ameba / só a bailarina que não tem”.   Se tiver, será execrada pelos padrões machistas por ser gorda, velha, sem atributos físicos que a tornem desejável.
Se abre a boca, deve falar de emoções, nunca de valores; de fantasias, e  não de realidade; da vida privada e não da pública (política). E aceitar ser lisonjeiramente reduzida à irracionalidade analógica: “gata”, “vaca”, “avião”, “melancia” etc.
Para evitar ser execrada, agora Hipácia deve controlar o peso à custa de enormes sacrifícios (quem dera destinasse aos famintos o que deixa de  ingerir...), mudar o vestuário o mais frequentemente possível, submeter-se à cirurgia plástica por mera questão de vaidade (e  pensar que este ramo da medicina foi criado para corrigir anomalias físicas e não para dedicar-se a caprichos estéticos).
Toda mulher sabe: melhor que ser atraente, é ser amada. Mas o amor é um valor anticapitalista. Supõe solidariedade e não competitividade; partilha e não acúmulo; doação e não possessão. E o machismo impregnado nessa cultura voltada ao consumismo teme a alteridade feminina. Melhor fomentar a mulher-objeto (de consumo).
Na guerra dos sexos, historicamente é o homem quem dita o lugar da mulher. Ele tem a posse dos bens (patrimônio); a ela cabe o cuidado da casa (matrimônio). E, é claro, ela é incluída entre os bens... Vide o tradicional costume de, no casamento, incluir o sobrenome do marido ao nome da mulher.
No Brasil colonial, dizia-se que à mulher do senhor de escravos era permitido sair de casa apenas três vezes: para ser batizada, casada e enterrada... Ainda hoje, a Hipácia interessada em matemática e filosofia é, no mínimo, uma ameaça aos homens que não querem compartir, e sim dominar. Eles são repletos de vontades e parcos de inteligência, ainda que cultos.
Se o atrativo é o que se vê, por que o espanto ao saber que a média atual de durabilidade conjugal no Brasil é de sete anos? Como exigir que homens se interessem por mulheres que carecem de atributos físicos ou quando estes são vencidos pela idade?
Pena que ainda não inventaram botox para a alma. E nem cirurgia plástica para a subjetividade!!!!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O país que se #%$*&, eu quero é ver tv!

Comentei dia desses no trabalho que, com o terceiro governador num mês, sentia que Brasília era uma terra sem governo. A cara de "como assim? O que está acontecendo?" que me fez o estagiário me lembrou uma frase de meu antigo chefe (Estagiário não é gente), então me virei para a colega do lado com aquele olhar maldoso de "olha que desligado esse rapazola" e notei que minha ouvinte perecia de igual ignorância. Não dos fatos, só se fala nesta cidade deste escândalo (calha para abafar outros), mas de tirar alguma conclusão do que se ouve, falta de pensar mesmo.

Antes tive pena das mentes trabalhadoras e dedicadas que pouca atenção dispendem ao mundo fora do horário comercial. Depois notei a profunda indignação quando souberam o resultado do último paredão. Aí o nível de entendimento já era outro: Um falou mal do Dourado e todo mundo veio já se manifestar, e choveram expressões do tipo "eu acho que..." "na minha opinião,..." "mas você concorda que..." e réplicas de conclusões tanto mastigadas que pude mensurar o grande tempo perdido nestas elucubrações.

As pessoas realmente não enxergam o quanto diretamente a poluição política do país afeta suas vidas?

Me coage acreditar no fenômeno do provérbio chinês: acostumar-se ao mau cheiro do mercado de peixes. De tanta sujeira que a gente vê, cresce achando que é assim mesmo, que todo político é corrupto, que a gente sempre será obrigado a produzir muito, para pagar muito imposto, para que haja muito com o que se corromperem. Bate minha revolta: será que é preguiça desse povo de dar um não bem redondo nessa situação? Tenho visto que não é nada disso: a raiva que a imensa maioria tem dos nossos representantes é parente da raiva que têm os favelados dos abastados - Por que Deus quis que eles (e não eu) tomassem esta posição? Assim como aquele que é muito pobre é incapaz de não visualizar um rico como um rival (no que contudo talvez tenha razão), a plebe cidadã vê os eleitos como os sortudos da vez, e há quem complete: se eu estivesse lá também quereria o meu. Tanto se respira no mercado de peixes que o odor impregna nos pulmões e se passa a exalá-lo.

É "lamentabilíssimo o que assistimos neste momento, cada vez mais observamos a desmoralização dos políticos", concordo com Euclides Scalco, pelo superlativo da tristeza e muito mais pela resposta que damos à situação: assistimos, observamos. A desmoralização dos políticos então, é incontestável, de todos os seres políticos, os governantes e os governados. Sim, você e eu. Todo o poder emana do povo, e se o que emana do povo fede, o povo é quem tem que se limpar. Vamos ser francos, nossos representantes bastante bem representam o povo dessa nação de alienados. Um animal político que descaradamente se candidata a governador depois de admitir ter fraudado um painel (eletrônico, lembram?) de votações e ainda é eleito, recebe (no entender dele, e no meu também) aval para fazer o que bem queira com o poder lhe investido. Mais de uma vez ouvi: " - Roubou, mas fez! Brasília está um canteiro de obras!" Eu mereço! Mais: nós merecemos. Nós colocamos estes "entes" lá encima, e nunca mais voltamos lá para ver como andava a coisa.

Ah, não concorda? Você por acaso se lembra em quem votou para deputado e senador em 2006? Se lembrar já está na minoria. Se alguma vez tiver buscado informações sobre o comportamento de tal pessoa, por favor entre em contato, você é uma pessoa raríssima e merece homenagens! Faço questão!

Não acho que alguém haja cometido este milagre. A gente acaba esperando sempre que o outro aja como nós mesmos agiríamos em cada situação, e assim como estamos muito mais preocupados em debater quanta injustiça existe na eliminação da última terça feira, aqueles que administram farta parcela de nosso suor preferem cuidar de seus próprios interesses.

E para não dizer que sou mais uma a falar e falar sem nada fazer, segue abaixo o dever de casa. Páginas para acompanhar e aprender a discernir o joio do trigo. Teremos tempo para fazê-lo se extirparmos de nossas rotinas os orkuts e bigbrothers cotidianos.

Como é a política no Brasil:
http://www.votoconsciente.org.br/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=7&Itemid=49

Quem é e o que faz:
http://www.excelencias.org.br/

Noticiário de política e combate à corrupção
http://www.votebrasil.com/

Senado:
http://www.senado.gov.br/sf/portaltransparencia/

Câmara:
http://www2.camara.gov.br/transparencia

Fianciamento de campanhas de 2006:
http://www.asclaras.org.br/2006/index.php

Não dá para exigir de quem seja atitudes de comprometimento quando nós mesmos não as temos.

Eu sei mas não devia

Marina Colassanti

Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias de água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Classe média: Quem mandou deixar de ser pobre?!

Em março será votado na Câmara o projeto de lei que extingue a assinatura básica de telefone fixo no Brasil.

Vamos pensar com lógica:

Levar uma linha de telefone até sua casa, instalar os fios nos postes, pagar o aluguel dos postes (que geralmente são da companhia de energia, e não da telefônica), mantê-los funcionando, colocar funcionários de plantão para o caso de emergências e assumir os riscos do negócio. Será que isto tudo não tem um CUSTO? E será que este custo vai pesar no bolso de quem?

A tarifa básica de telefone faz muito sentido - e faz justiça - afinal, ter um telefone em casa é um benefício, ainda que você não faça ligações (pois você pode recebê-las), e tem um custo bastante considerável, principalmente para quem mora em bairros mais afastados. Com certeza mais que absoluta o custo de manutenção não vai desaparecer só porque o presidente assina uma lei. Esse custo vai embutir-se na tarifa, óbvio.

Aí me virá um hipócrita neo-socialista argumentar que "a justiça social fará com que se puna quem tem mais dinheiro e usa mais o telefone". Tem razão em parte: os mais pobres terão telefone em casa, quase de graça. Mas de jeito nenhum quem pagará por isto serão os mais ricos. Quem tem grana mesmo encontra formas mais baratas de se comunicar (VOIP, rádio, nextel e uma infinidade de mais recursos - até a net). Aumentar a tarifa para repor o estrago que fará o fim da assinatura básica vai espantar essa classe, que dará adeus ao fixo sem pestanejar.

Com menos clientes ainda, mais tarifa! E quem paga por tudo isto? Resposta clichê: a classe média, que nem é tão pobre para só receber ligações e usufruir do telefone de graça, e nem é tão rica para fugir do telefone fixo. Inclua-se nesta faixa a enormidade de micro e pequenas empresas do Brasil. Depois a culpa da alta mortalidade destas empresas é da burocracia contábil.

E tem gente fazendo campanha a favor desse populista desse projeto, tem cabimento?

Para (enfim) começar 2010

Que, passadas às correrias das compras, das arrumações, no vai-e-vem das múltiplas obrigações dos fins de cada ano, nós tenhamos um tempo para pensar, no silêncio, fazendo um balanço de mais uma etapa de vida, não apenas do que aconteceu na nossa família, na nossa cidade, no nosso planeta, mas do que vem acontecendo na vida de cada um de nós, nas nossas mentes, nos nossos corações, onde ninguém mais tem acesso, apenas cada um, quando faz o esforço e realmente o quer.

Parece mais fácil não pensar nisto que dizemos ser sério, mas não é. Viver com o automático ligado, sem responsabilidade, parece mais prático, mas também nos leva a um vazio tão grande, no fim das contas, que acaba por nos empurrar ladeira pra baixo até locais muitos escuros, em nós mesmos, de onde fica bem difícil, depois, sair.

Se acreditarmos que somos espíritos num corpo, precisamos ouvir as demandas de nossa alma, ouvir nossa consciência, seguir nossas intuições, ao invés de vivermos a copiar comportamentos da maioria, a satisfazer aos desejos dos outros em volta de nós, esquecendo-nos de nós mesmos...

Este nosso encontro com nosso Ser interno é prioritário, para que possamos nos orientar nesta vida de tantos caminhos e de tantos atalhos e encruzilhadas. Sem este contato constante, como poderemos saber o que fazer ou qual a atitude a tomar em cada situação? Quando resolvemos nos abrir com amigos, no momento de dúvidas, é bom, pois organizamos as idéias, ordenamos as diversas possibilidades que temos, mas só quando conversamos com nós mesmos, sem as máscaras, sem as camuflagens e a necessidade de agradar a quem quer que seja, é que ouvimos finalmente o como precisamos agir, naquele exato momento.
Para que isto aconteça - algo que deveria ser tão simples - precisamos em primeiro lugar nos comprometermos com esta busca de nós mesmos... Na certeza de que em nós está o começo e o fim, a felicidade e a real dor. E sabendo que o Amar a si mesmo a que se referiu Jesus, é na verdade o reconhecimento de que somos uma centelha divina plena de Amor, de Beleza, de Verdade, de Pureza, de tudo que é belo e justo.
Acreditando nisto, mesmo que possamos perceber que ainda estamos apartados deste núcleo luminoso, temos força para recomeçar o nosso trabalho prioritário de autoconhecimento, de respeito por nossa dimensão crística, de busca de aprimoramento de nossas emoções, pensamentos e atitudes.
Neste local tão íntimo se travam as verdadeiras batalhas da humanidade. É onde decidimos o que fazer e o que deixar para depois, como agir. É onde construímos a paz, ou iniciamos as guerras. É onde somos os vencedores, ou os vencidos... E ninguém enxerga nada disto, a não ser cada um de nós e Deus, nossos Guias pessoais e Jesus, nosso Guia planetário.

A busca da felicidade não se trava tanto fora de nós, mas é uma constante procura de conhecimento de nós mesmos. À medida em que nos apaziguamos interiormente com nossas consciências, somos também mais gentis com os outros, com todo aquele que está em nosso caminho.

Que este ano que chegou nos permita esta reflexão mais atenta: o que estou fazendo de minha vida? Para onde estou indo? Quais são as minhas prioridades, meus maiores sonhos? Onde está Deus, segundo a minha crença?

Porque mais um ano chegou, mais um ciclo que não voltará mais está se encerrando e estamos mais próximos de nossa partida deste plano material para outro... Será que sabemos para onde finalmente iremos?
Como podemos ter a certeza de que faremos, um dia, uma viagem solitária e não nos preparamos de forma alguma pra ela? Diz uma música popular que toda partida é sempre uma chegada... Para onde estamos indo? Chegamos neste planeta, sozinhos e vamos deixá-lo, um dia, da mesma forma.

Que 2010 nos possibilite ser mais lúcidos, mais conhecedores de nós mesmos, para que as ilusões da matéria não vivam a nos hipnotizar, tirando-nos a energia da busca prioritária da nossa felicidade! 

domingo, 6 de dezembro de 2009

bateria fraca

Minha colega busca concursos públicos no computador ao lado. O tempo passou agora mas não consegui agarrá-lo. O último ônibus já saiu. O prazo de inscrição foi até anteontem. A página não está mais disponível. Minha mãe não me ligou até agora. Não acenda a luz que a Marlene já está dormindo. Eu não estudei o suficiente, ainda. Pior é que não dá para voltar, agora já apostei tudo.

Eu que não fumo, queria um conhaque...

Acho que vai ser legal, mas não pode se sobrepor às minhas prioridades neste momento. Vá para o diabo que lhe monte o lombo e arreie os córneos.

O resultado da interação competitiva dos agentes eu estou cansada disso. E daí a pobreza? Não fui eu quem concentrou a renda, não desenhei o subdesenvolvimento nem subverti o mainstream neoclássico.

O casal de vizinhos brigando, mas e eu com isso? Que mania! Daria uma psicóloga psicótica. Estopim depressivo. E nem é nada disso, tudo máscara, tudo máscara.

A faca e o queijo na mão e não chuta o balde.

What the hell am I doing here? I don´t belong here.

E eu preciso ir dormir porque amanhã é segunda-feira outra vez, e eu nem estou preparada.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Namore um barrigudinho

Carla Moura

Tenho um conselho valioso para dar aqui: se você acabou de conhecer um rapaz, ficou com ele algumas vezes e já está começando a imaginar o dia do seu casamento e o nome dos seus filhos, pare agora e me escute! Na próxima vez que encontrá-lo, tente disfarçadamente descobrir como é sua barriga. Se for musculosa, torneada, estilo `tanquinho´, fuja! Comece a correr agora e só pare quando estiver a uma distância segura. É fria, vai por mim.

Homem bom de verdade precisa, obrigatoriamente, ostentar uma barriguinha de chopp. Se não, não presta. Estou me referindo àqueles que, por não colocarem a beleza física acima de tudo (como fazem os malditos metrossexuais), acabaram cultivando uma pancinha adorável. Esses, sim, são pra manter por perto. E eu digo por quê. Você nunca verá um homem barrigudinho tirando a camisa dentro de uma boate e dançando como um idiota, em cima do balcão. Se fizer isso, é pra fazer graça pra turma e provavelmente será engraçado, mesmo.


Já os `tanquinhos´ farão isso esperando que todas as mulheres do recinto caiam de amores – e eu tenho dó das que caem. Quando sentam em um boteco, numa tarde de calor, adivinha o que os pançudos pedem pra beber? Cerveja! Ou coca-cola, tudo bem também. Mas você nunca os verá pedindo suco. Ou, pior ainda, um copo com gelo, pra beber a mistura patética de vodka com `clight´ que trouxe de casa. E você não será informada sobre quantas calorias tem no seu copo de cerveja, porque eles não sabem e nem se importam com essa informação.


E no quesito comida, os homens com barriguinha também não deixam a desejar.
Você nunca irá ouvir um ah, amor, `Quarteirão´ é gostoso, mas você podia provar uma `McSalad´ com água de coco. Nunca! Esses homens entendem que, se eles não estão em forma perfeita o tempo todo, você também não precisa estar.


Mais uma vez, repito: não é pra chegar ao exagero total e mamar leite condensado na lata todo dia! Mas uma gordurinha aqui e ali não matará um relacionamento. Se ele souber cozinhar, então, bingo! Encontrou a sorte grande, amiga. Ele vai fazer pra você todas as delícias que sabe, e nunca torcerá o nariz quando você repetir o prato. Pelo contrário, ficará feliz.


Outra coisa fundamental: homens barrigudinhos são confortáveis!
Experimente pegar a tábua de passar roupas e deitar em cima dela. Pois essa é a sensação de se deitar no peito de um musculoso besta. Terrível! Gostoso mesmo é se encaixar no ombro de um fofinho, isso que é conforto. E na hora de dormir de conchinha, então? Parece que a barriga se encaixa perfeitamente na nossa lombar e fica sensacional.


Homens com barriga não são metidos, nem prepotentes, nem donos do mundo.
Eles sabem conquistar as mulheres por maneiras que excedem a barreira do físico. E eles aprenderam a conversar, a ser bem humorados, a usar o olhar e o sorriso pra conquistar. É por isso que eu digo que homens com barriguinha sabem fazer uma mulher feliz.

Pretendo envelhecer logo

Isto é para as mulheres de 30 anos pra cima...
e para todas  aquelas que estão entrando nos 30, e para todas aquelas que estão com medo de  entrar nos 30. E para homens que têm medo de meninas de mais de 30!

À medida que envelheço, e convivo com outras, valorizo mais as  mulheres que estão acima dos 30.

Estas são algumas razões do porquê:

-  Uma mulher de 30 nunca o acordará no meio da noite para perguntar: "O que  você está pensando?" Ela não se importa com o que você pensa, mas se dispõe  de coração se você tiver a intenção de conversar.

- Se uma mulher de 30  não quer assistir o jogo, ela não fica à sua volta resmungando. Ela faz  alguma coisa que queira fazer. E, geralmente é alguma coisa bem mais  interessante.

- Uma mulher de 30 se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer. Poucas mulheres de 30 se incomodam com o que você pensa  dela ou sobre o que ela está fazendo.

- Mulheres dos 30 são honradas. Elas  raramente brigam aos gritos com você durante a ópera ou no meio de um  restaurante caro. É claro, que se você merecer, elas não hesitarão em atirar em você, mas só se ainda sim elas acharem que poderão se safar impunes.

-  Uma mulher de 30 tem total confiança em si para apresentar-te para suas melhores amigas. Uma mulher mais nova com um homem tende a  ignorar mesmo sua melhor amiga porque ela não confia no cara com outra mulher.
E  falo por experiência própria. Não se fica com quem não se confia, vivendo e aprendendo né?

- Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem.  Você nunca precisa confessar seus pecados para uma mulher com mais de  30. Elas sempre sabem.

- Uma mulher com mais de 30 fica linda usando batom  vermelho. O mesmo não ocorre com mulheres mais jovens.

- Mulheres mais  velhas são diretas e honestas. Elas te dirão na cara se você for um idiota,  se você estiver agindo como um!

- Você nunca precisa se preocupar onde você  se encaixa na vida  dela. Basta agir como homem, e o resto deixe que  ela  faça.

- Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 por um "sem"  número de razões. Infelizmente, isso não é recíproco. Para cada mulher de  mais de 30, estonteante, inteligente, bem apanhada e sexy, existe um careca,  velho,  pançudo em calças amarelas bancando o bobo para uma garçonete de  22 anos.

Senhoras, eu peço desculpas: Para todos os homens que dizem,  "porque comprar a vaca se você pode beber o leite de graça?", aqui está a  novidade para vocês:

Hoje em dia 80% das mulheres são contra o  casamento, sabe por quê?

Porque as mulheres perceberam que não vale a  pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça.
Nada mais  justo.

Arnaldo Jabor(?)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

2012, Cosmologia e Dr. Fantástico

Vira e mexe e o mundo está acabando. Em 1999 eu estava no meio da aula quando os colegas pararam tudo para a contagem regressiva. Acho que Nostradamus não errou não, as traduções e interpretações é que nos deixaram numa margem de erro de alguns séculos, coisa pouca.

Que será que nosso inconsciente coletivo quer dizer ao consciente individual com essa mania de apocalipse? Vamos morrer todos juntos - Estamos juntos até a morte? Até que seria fraternal. Mas, revire-se Jung no túmulo ou não, existe algo gritante a um palmo de nossos narizes: Nos acovardamos diante das mudanças que o mundo nos exige e preferimos a preguiça de esperar que tudo se acabe sozinho. Crianças fazendo birra: Se o mundo não for feliz como eu quero, então não brinco mais! Que se exploda!

O medo paralisante do desconhecido (o futuro) serve de chamada para mais uma história de desespero. Também acho o tema ótimo, mas o uso que se faz dele é muito (MUITO) melhor em Dr. Fantástico (Dr. Strangelove) de Stanley Kubrick (sim, cinema que preste dificilmente está nos cinemas, e mais dificilmente ainda nas locadoras) e até em Apocalipto, de Mel Gibson. Estes dois pelo menos mudam um tiquinho o modo de você ver a sua vida. Gente, não perca tempo com isto! O filme é cheio de efeitos especiais - depois de Matrix, que filme não é? - e nada mais. Você vai sair do cinema um pouco mais fotofóbico do que entrou, e só.

As profecias maias merecem meu mais absoluto respeito, mas acreditar que o mundo acaba em 2012 por isso força a amizade. Também me intriga o Antigo Egito, mas ninguém acha que Tutancamon  tornará a seu corpo mumificado.

Alguém aí é capaz de notar o mundo acabando a todo tempo para cada um de nós, e de uma maneira muito mais solitária e silenciosa do que cataclísmica? Morrer todos vamos, aliás, todos estamos, a vida se desgasta aos pouquinhos. Seja o fim do mundo o nosso fim pessoal, esperar que aconteça no mesmo momento para todos poderia congestionar o sistema da morte e tumultuar o juízo final.

Mas digamos que seja verdade, que a ressonância Schumann esteja se acelerando e em 2035 (mais 23 anos garantidos!) os pólos magnéticos do planeta se invertam e a rotação troque de sentido. A Terra pára e tudo que há nela será lançada para leste, por inércia. Morreremos instantaneamente. Aliás, nossos corpos de três dimensões morrerão, não necessariamente nós: Como a Terra se tornará um mundo de quarta dimensão, nossos corpos não podem ser formados da matéria como a conhecemos, seremos mais etéreos, uma semi-matéria fluídica. De algum modo já possuímos este corpo, mas para habitar exclusivamente nele temos antes que fortificá-lo, nos melhorando moralmente através da prática do amor.

Se você concorda, trate de ser menos materialista e não polua sua mente quântica com mais um filme bobo, doe a grana do ingresso para o UNICEF: http://www.doacaounicef.org.br ou salve os pandas pelo WWF: http://www.wwf.org.br/participe/doacao/.

Se você achou o que escrevi uma viagem absurda e quer saber oquê eu fumei, te digo que minha nóia teve a mesma origem da erva que inspirou os roteiristas do blockbuster.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ter ou não ter: Filhos

Acabei de ler esta semana o Por Que Te Amo Não Nascerás - Nascituri te Salutant, de Júlio Cabrera e Thiago Lenharo de Santis.
Nas palavras deles mesmos, no site do livro (chique né? É um livro que tenta ser pop. Não me espantaria se visse propaganda em algum outdoor):



Porque te amo, NÃO nascerás! ou Nascituri te Salutant é um livro que coloca em discussão a delicada questão da procriação, fazendo um esforço para levar em conta,  em primeiro lugar, o ponto de vista daquele que ainda nem nasceu.
Os autores consideram que quem diz estar disposto a amar seus futuros filhos acima de tudo, não deverá fazê-los nascer! Trata-se de uma idéia polêmica e intrigante, apresentada em um texto contundente, entrecortado por fotos, ilustrações, notas, opções de leitura, esquemas e tabelas, entre outros.


Ah, vamos lá, nem é tão "interessantíssimo" assim. Mas propaganda é exagerada por natureza.


Desde o título, o livro se mostra diferentoso. Gosto de coisas ácidas, sugerir que as pessoas não tenham seus amados filhos e dar argumentos lógicos para isto é absolutamente chocante. Há por aí muito debate sobre não ter filhos, mas realmente (acho) que o ponto de vista do nascituro ainda não tinha sido defendido, e como já disse, apóio que todos tenham voz, inclusive os que ainda não nasceram. Há três coisas que AMEI no livro:


First: Nos arregala os olhos sobre como temos tratado nossos futuros filhos como mercadoria. Dizer "quero ter um filho para ensinar ele a jogar futebol" equivale a "quero ter um cãozinho para ensinar ele a dar a pata". Embora eu considero que poderiam ter explorado um pouco mais a noção de que transferimos para eles nossos sonhos e frustrações "meu filho vai fazer tudo que eu não pude" mas vá lá, o livro não é meu.


Segundo, mostra que o aborto é um duplo crime. Dá-se a vida a alguém, em seguida tira-se. Mas isto é só porque eu sou contra o aborto em todo caso e me empolgo com qualquer argumento que me ajude nisso. A defesa da adoção entra também aí.


E o livro é muito gostoso de ler, adorei o bom humor dos autores, a poética fria da interação entre as fotos e o tema, achei surpreendente o final, não poderia ter outro melhor. Apesar de escrito por filósofos, o fato do Santis ter estudado física tornou a lógica do livro bastante demonstrativa e sintética, não são discussões redundantes e intermináveis (é por elas que tanta gente perde a paciência com filosofia).


O que restou de pedantismo filosófico foi a necessidade de posteridade dos autores ao ambientar o romance (é um romance) num futuro distante onde ambos estão suicidados, e seus descendentes (eles os têm!) encontram seus escritos, decidindo publicá-los. Não soa estranho que afirmem o imediatismo da vida e busquem no próprio livro a eternidade? Afirmar-se contra a procriação e dizer isto por meio de sua descendência não é uma confissão de incapacidade? Adoro estes paradoxos de entrelinhas!


Pena que - mesmo se dizendo pop - o livro já comece exigindo prévias de filosofia nada básicas: imperativos categóricos de Kant e pessimismo schopenhaueriano são dados por velhos conhecidos dos leitores. Se realmente seu seleto público tem "nível", não é necessário (como faz frequentemente) provar em quinze páginas por A + B que A + B é igual a A + B. Delongas!


Recomendo especialmente aos meus amigos espíritas. Este é sim um maldito livro de lógica materialista, mas cuja conclusão (não os deixe nascer) se deve a premissa de que não existe vida além deste mundo. Concorde com tudo o que diz o livro, supondo apenas que há vida após a morte e reencarnação e tudo que ali se lê é o perfeito formão de futuros pais.


Nada mais cristão do que provar que a vida não é boa. Não é mesmo! Não existe felicidade, só alegrias momentâneas e cruéis (justamente por momentâneas). Dito a Pilatos: Meu reino não é deste mundo...




Antes dele eu não queria ter filhos. Depois de ler eu quero ter filhos sim, e justamente por concordar com tudo que diz (ah, eu sou estranha, vocês já sabiam). Pare de pensar em seus filhos como suas propriedades. Pare de decidir seus futuros por eles. Pare de impor a eles a obrigação de realizarem seus sonhos frustrados. Não os deixem acreditar que têm pais infalíveis: na adolescência descobrirão a mentira e se revoltarão contra vocês. Não tenha filhos porque você os quer: só os tenha se eles assim o quiserem. Complicado? Leia o livro.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Niilismo político

Ok, ok, era eu sim no protesto de 11/11 na UnB. Não adiantou muito o lenço na cabeça, amigos que são amigos se reconhecem até sem roupa.

Vou abstrair os comentários engraçadinhos e pinçar um que vale à pena replicar: Quem leu no site do Jornal do Brasil meu manifesto depois da ocupação da reitoria em abril de 2008 (para que saísse o reitor. Lembra? A lixeira de R$1mil...) não pôde compreender este súbito retorno ao ativismo. Explico-me. Aliás, o texto da época já explica metade:

Repúdio à insensatez de meus colegas

Zélia Diana Barbosa
Brasília (DF)

Sou aluna de Ciências Econômicas na UnB e participei ontem da Assembléia Geral dos Estudantes no Pátio da Reitoria, e peço espaço para um manifesto.

Morar neste País de corrupção corrente tem seu mais trágico efeito sobre as instituições de Direito. As denúncias contra o reitor da UnB são, ao mesmo tempo, revoltantes e comuns – talvez seja "o escândalo da vez", apenas. Julgar o que é legítimo torna-se confuso nesse ambiente de impunidade.

A Assembléia Geral dos Estudantes, ontem, parecia um exemplo de participação pacífica e ativa na construção da gestão democrática na universidade. A mobilização de 1.300 alunos aplaudindo máximas de ética e transparência encheu-me de espírito patriótico e comecei a acreditar estar num ambiente de debate político apartidário e diplomático, apesar das variações de ideologia que vão da utopia à anarquia.

Votamos o posicionamento dos estudantes questões importantes, uma delas – a ocupação de toda a reitoria – foi adiada devido à dificuldade de contagem dos votos, no que todos concordaram. Também concordaram contra a violência e a depredação do patrimônio público. Nessa hora comecei a pensar que teria orgulho de voltar ao trabalho com a fitinha verde no pulso – credencial para votação. Símbolo que deixei vergonhosamente no gramado da reitoria quando me afastei, assim que uma massa de baderneiros (os mesmos que votaram pela ocupação pacífica) promoveu a invasão violenta da rampa que dá acesso à sala do reitor, passando sobre os seguranças, esses trabalhadores que cumprem – esses sim – pacificamente sua função.

Esteja expresso à sociedade, aos meus professores especialmente, o lamento meu e de centenas de colegas que vi se afastando de cabeça baixa assim que ouvimos o "sobe, sobe". Que fique claro nossa indignação e repúdio a esses atos de insensatez.

Entristece que muitos colegas se abstenham de participar das votações que representam nossa voz, mas muito pior é pensar que estes outros que participam – não todos, estejam certos – descambam para a animalidade.

"Como assim, Zélia? Num momento você abandona a causa, no outro está lá você levantando cartaz?"

Meu sentimento desde a ocupação não mudou. Não apoio a atitude da tal Geyse (o que tem na cabeça alguém que usa o corpo para chamar a atenção?), não acho que seja papel dos estudantes da UnB se meterem num assunto tão distante e mais que saturado, concordo que existem coisas muito mais relevantes para discutir na universidade. O que eu apóio é que se discuta. Só tinha de aproveitável no bendito protesto o protesto mesmo, nem tanto as causas defendidas. Depois daquilo vi muitos colegas criticando "...por que não vão pedir mais livros para a biblioteca?" o que abre espaço para alguém responda "Isso, vamos então!". Um movimento social, por mais ridícula que seja sua motivação, serve para mostrar que qualquer um pode pegar um megafone e sair reivindicando o que bem entender, e que a mesma imprensa fútil que fez tempestade no caso na Uniban também vai dar visibilidade ao pedido. Afinal, o reitor se pronunciou, como pediam. Funciona!

Eu não puxo causa alguma, deixei meu marxismo no grêmio estudantil do ensino médio, mas dá-me a camisa e vesti-la-ei. Defendo que quem tem o que dizer o diga, o grite, o publique, e se precisar de volume e aplauso para ter espaço, lá me verão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Vaidade vicia!

Os cabelos são a moldura do rosto, a roupa do rosto.  Não existe menina feia com cabelo bonito: basta um supercabelo e qualquer supercanhão se sente superoutra. São a expressão mais absoluta da vaidade feminina. Por isso cortei os meus.

Já dizia o tio Karl: não basta ser bom, é preciso ser o melhor: só o lucro máximo interessa, qualquer ganho  abaixo disto implica ser vencido (engolido, atropelado, desintegrado, como queiram – o alemão é tão versátil!) pelo concorrente mais forte. E disse mais: as relações de produção modelam (embasam, condicionam, infraestruturam, blaergh) outras relações sociais. A + B = nossas relações interpessoais refletem a concorrência capitalista. Mas devia?

Graças e louvores se dêem à ambição e a vontade de crescer que nos move, nos faz competitivos, nos põe em combate, nos faz evoluir. Buscar crescer é essencial, querer ser o melhor é natural, conseguir é um milagre. Os níveis de comparação se globalizaram e os campos de batalha são infinitos. O homem mais rico do mundo não conseguiu ser o mais bonito do mundo (talvez do metro quadrado), a mulher mais famosa não é a mais inteligente, o mais popular não consegue unanimidade. E cada qual sem se contentar em ser melhor, ser o melhor é o que vale. Estamos nos matando por um artigo.

Fechando o zoom e tornando à vaidade feminina, como poderemos, mulheres normais, ocupadas, trabalhadoras, estudantes, namoradas, seres humanos em autoconstrução, comparar nossas carreiras à da Taís Araújo (Chica da Silva aos 17), nossos saldos bancários aos da Madonna, nossas letrinhas às de Fernanda Young, nossos maridos ao da Angelina Jolie, nossas cútis à da Halle Berry, nossas nádegas às de Beyoncé, nossos cabelos aos da Gisele Bündchen?

Mas - me corrijam mulheres - com tudo se contenta, exceto cabelos. É que a carreira é a construção de toda uma vida, saldo bancário também (e dinheiro afinal não é tudo), inteligência não se compra, Brad Pitt só tem um, manter pele e bumbum é trabalhoso e caro. Os cabelos são o que menos tempo/dinheiro nos toma, então converge pras madeixas nossos anseios de vaidade. O problema é que jogamos aí todas as expectativas de sucesso (para compensar o salário, o marido, etc) e exigimos de nossa imagem muito mais do que é possível, então o limite dessa busca - que já era distante por causa dos comparativos globalizados - tende ao infinito. Mas nosso tempo é limitado. Não encaixa!

Se o cabelo está normal, começa a se sentir medíocre. Se o cabelo fica melhor, você se satisfaz temporariamente, mas os elogios (a droga do reconhecimento) dão uma espécie de prazer narcisista viciante: o dia em que não vierem, estoura a crise de abstinência e baixa autoestima. Quando não dá mais para melhorar os cabelos, partimos para as plásticas.

O submundo da vaidade é bastante mais perigoso que o das drogas químicas, porque é mais sutil e conta com o aplauso geral. É admirável que alguém não dependa mais de crack. É estranho que alguém não goste de se sentir bonito, atraente, desejável. Aceitação social é uma droga como qualquer outra, se manifesta pela vaidade e se reproduz no inchaço do ego.

Estou em busca do nirvana, então começo a decepar minhas vaidades das mais vis para as mais aceitáveis. Não é uma escolha aleatória, é mais fácil assim. Confesso que não sou um exemplo de disciplina, então tratamentos de choque funcionam comigo. Nada foi tão eficiente para recuperar a autoestima quanto me sentir pelada. Pular na água e começar a afogar-se para sentir que de fato sabe nadar, entende? Jogar tanto cabelo (e que tanto trabalho me deu) na lixeira do banheiro foi libertador.

Meus cabelos curtíssimos não podem mais esconder espinhas na testa, nem esconder meu rosto, nem esconder minha expressão, nem me esconder. Não tenho mais a infalível arma de me-guste de que minhas colegas da faculdade tanto se servem. Agora é para mim muito mais difícil conseguir boa primeira impressão automática, então o custo-benefício me leva a desistir disso. Eu desisti disso, e é ótimo! Eu não preciso de cabelo para me sentir bonita, pois não preciso me sentir bonita para me sentir aceita, porque não preciso me sentir aceita sentir que minha imagem é aceitável para estar bem. Imagem não é nada, interior é tudo. Nenhum jeito melhor para viver isto do que anular a minha imagem.

Aprendi a admirar mulheres que deixam os cabelos independentes. Existe bem maior chance de elas terem algo além deles na cabeça.

Simbólico, dramático e exagerado. Me identifiquei, só isso.